Educação infantil ajuda a formar uma sociedade consciente

Por: José Carlos Cirilo

Correio Braziliense

A universalização da educação infantil é, sem dúvida, um dos maiores desafios para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. No entanto, o país tem enfrentado obstáculos significativos nesse caminho. O estudo Síntese de Indicadores Sociais 2023, divulgado pelo IBGE, mostra que, entre 2019 e 2022, o Brasil não avançou na meta de universalização da educação infantil proposta no Plano Nacional de Educação (PNE). A frequência escolar das crianças de 4 e 5 anos, início da obrigatoriedade da educação básica, recuou 1,2 ponto percentual, passando de 92,7% para 91,5%.

O cenário da educação infantil no Brasil inspira atenção, uma vez que essa etapa é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, contribuindo para a formação de habilidades e competências essenciais para a vida. As crianças precisam vivenciar o aqui e o agora, e isso é garantir o respeito às identidades das infâncias e aos campos de experiências, como o direito de ser, de aprender e de se desenvolver.

Além disso, o acesso a uma educação de qualidade desde os primeiros anos de vida tem efeitos duradouros, impactando positivamente o desempenho acadêmico futuro, a formação de uma consciência crítica e até a redução de desigualdades sociais. A educação infantil permite que crianças de diferentes contextos socioeconômicos comecem sua trajetória escolar em condições mais igualitárias. Isso é particularmente importante em um país como o Brasil, com grandes desafios nesse sentido. Assim, a formação de indivíduos conscientes e preparados para enfrentar os diferentes contextos de nossa sociedade pode resumir o grande propósito dessa atuação.

Essa é também a base da Proposta Pedagógica da Educação Infantil da Rede Sesc de Educação. O documento propõe a construção de uma educação participativa e transformadora, na qual as crianças são vistas como sujeitos da história e produtores de cultura, além de promover o desenvolvimento de uma postura autônoma e crítica. Os seus princípios norteadores são as interações e as brincadeiras, assegurando também os seis direitos de aprendizagem estabelecidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. E tendo a brincadeira como um de seus eixos estruturantes, reconhece-a como fundamental para o  desenvolvimento integral das crianças, pois favorece a criatividade, a interação social, o desenvolvimento emocional e é um poderoso instrumento de aprendizagem. Hoje, essa metodologia é aplicada para quase 20 mil alunos em 139 escolas espalhadas por todas as regiões do país.

O Sesc investe, ainda, na formação continuada dos educadores, reconhecendo que professores bem preparados e atualizados são essenciais para a qualidade da educação infantil. O desenvolvimento contínuo desses profissionais é um pilar para a implementação de práticas pedagógicas inovadoras e eficazes, alinhadas com as necessidades e potencialidades dos educandos. Dessa forma, a estrutura, o conteúdo, a formação do corpo docente e discente que buscamos está em consonância com o propósito institucional do Sesc e com a atuação de algumas das melhores instituições de ensino do país e do mundo.

Como aspecto imprescindível para o desenvolvimento cognitivo temos, ainda, o envolvimento dos pais e responsáveis no processo educativo e o diálogo com o território em que as escolas estão inseridas. A conexão entre estudantes, famílias e territórios é fundamental no processo educativo, permitindo a troca de saberes e experiências, que se complementam e contribuem para desenvolver cidadãos mais saudáveis, solidários e empáticos.

Por meio da educação infantil de qualidade, nossas crianças têm a oportunidade de crescer com uma visão mais ampla do mundo e se tornarem indivíduos melhores e mais felizes. Aumentar o acesso escolar significa plantar sementes de esperança por uma sociedade mais consciente e preparada para lidar com os desafios do cotidiano. E é nosso dever proporcionar uma base sólida para que elas se desenvolvam como cidadãos capazes de contribuir positivamente para o mundo, confiantes no potencial transformador da educação. Afinal, o futuro é agora.

 

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