A democracia que queremos: mulheres na política e o enfrentamento à violência de gênero

Por Eduardo Mantoan

*Eduardo Mantoan é Deputado Estadual pelo PSDB-TO, advogado e mestrando em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Tocantins.

A democracia se fortalece quando se torna verdadeiramente representativa. E não há representação autêntica quando mais da metade da população brasileira continua sub-representada nos espaços de poder e decisão. A desigualdade de gênero na política é um reflexo de uma cultura historicamente excludente, sustentada por estruturas institucionais, econômicas e sociais que perpetuam a desigualdade. Para romper esse ciclo, é urgente que avancemos em políticas públicas que assegurem a participação efetiva das mulheres na política e, em paralelo, atuemos com firmeza no combate à violência de gênero.

Atualmente, as mulheres representam cerca de 52% do eleitorado brasileiro, mas ocupam menos de 18% das cadeiras nos legislativos estaduais. Nos executivos estaduais, a presença feminina é ainda mais escassa. Essa discrepância não é apenas um dado estatístico: é um obstáculo concreto à construção de políticas públicas mais justas e inclusivas. Onde faltam mulheres, faltam também olhares sensíveis às demandas específicas de saúde, educação, trabalho, segurança e direitos humanos que afetam diretamente suas vidas.

É imprescindível entender que essa exclusão não se dá por falta de competência ou interesse das mulheres, mas por barreiras estruturais e pela violência política de gênero. Nos parlamentos estaduais, temos a responsabilidade de fiscalizar a implementação das leis já existentes, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, ao mesmo tempo em que propomos novas iniciativas que alcancem as realidades locais e respeitem a diversidade das mulheres brasileiras.

Promover a participação das mulheres na política é, também, um caminho para combater a violência de gênero. Precisamos de mais mulheres vereadoras, deputadas, prefeitas, governadoras, ministras e presidentas. E para isso, é papel dos partidos políticos, dos legislativos e da própria sociedade de criar ambientes seguros.

Como parlamentar, entendo que é nossa responsabilidade propor leis que incentivem a formação de lideranças femininas, apoiem candidaturas de mulheres e estabeleçam punições claras para a violência política de gênero. É preciso garantir que as mulheres possam exercer seus mandatos com liberdade, segurança e autonomia.

O futuro que queremos precisa ser construído agora, com coragem, empatia e compromisso. Que possamos, juntos e juntas, fazer dos nossos legislativos exemplos práticos de que nossa atuação vai além dos discursos.

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