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Educação como prevenção

Por: Cida Barbosa

Correio Braziliense

A maioria dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes é cometida por integrantes da família, como pais, padrastos, mães, madrastas, irmãos, primos, tios, avós. Raramente os estupradores são desconhecidos. Com o perigo dentro de casa, local que deveria ser de plena segurança, os estabelecimentos de ensino são um fundamental canal de denúncia dos abusos, seja porque as vítimas se sentem mais confiantes para fazer a revelação, seja porque educadores podem perceber vestígios de que algo está errado.

Recentemente, Luciana Temer, diretora-presidente do Instituto Liberta, destacou esse fato em entrevista ao Roda Vida. “Nós temos já a obrigação de tratar da proteção dessa violência nas escolas. Por que na escola? Se eu sei que mais de 70% dos estupros acontecem dentro de casa, praticados por familiares, tenho de entender que a escola é um espaço de proteção. É fundamental”, frisou.

Ela também destacou a educação sexual como forma de enfrentar a atrocidade. A partir de que idade a criança deve ser orientada? Luciana é enfática: “A primeira possível”. “Quando está na creche, os profissionais têm de ser treinados para olhar para a questão da violência sexual e identificar eventualmente. Agora, a partir do momento em que a criança fala, você tem livrinho, filminho, muito material pronto e bem preparado para falar com essa criança.”

Na semana passada, uma menina, de 3 anos, denunciou que estava sendo estuprada pelo próprio pai e pelo avô. Ela conseguiu contar porque, na creche, foi ensinada sobre quais partes do corpo não podem ser tocadas. O caso aconteceu em Pontalina (GO) e, segundo a polícia, os abusos começaram quando a mãe da criança morreu de câncer, no início deste ano. A investigação mostrou, também, que a garotinha vivia em situação precária e era alimentada por vizinhos. A barbárie completa.

Educação sexual é medida das mais importantes no combate à violência contra crianças e adolescentes. Não é ensinar meninos e meninas a fazer sexo, temos de acabar com esse tabu. É orientá-los conforme a etapa de desenvolvimento de cada um deles. Se estiverem informados, quando tocados com desconforto, em uma parte íntima, vão saber que algo está errado e conseguirão pedir socorro mais rápido. Como ressalta o Instituto Liberta, “o importante é adaptar a abordagem conforme cada fase da vida da criança ou do adolescente”. Sem esse conhecimento, meninas e meninos ficam à mercê de seus algozes, impossibilitados de pedir socorro.

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