Robério Negreiros é deputado distrital pelo PMDB
Aristóteles disse que todo homem é um animal político. Essa é uma verdade incontestável. Mas há dois tipos de políticos (ou de modos de se fazer política). O mais comum, que parece estar arraigado no espírito dos homens públicos do Brasil, guarda pouca relação com democracia e republicanismo ou com a fina noção de nação e cidadania.
A ideia vigente entre os atores políticos em evidência no Brasil está lastreada no pragmatismo e no fisiologismo. As duas vertentes aguardam estreita relação com a corrupção, uma vez que a maioria dos homens públicos ligados ao mundo político apoia qualquer governo – independente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos. Pautam-se, portanto, pelas negociatas feitas longe dos holofotes da transparência e, preferencialmente, revestidas de sombras.
Tem-se uma relação promíscua entre Executivo e Legislativo, poderes que deveriam se complementar e se fiscalizar ao mesmo tempo. Fica a política do toma-lá-dá-cá. As decisões são tomadas com base na distribuição de cargos comissionados, na divisão do orçamento das estatais, na indicação de diretores e presidentes de empresas públicas que gerem grandes quantias de dinheiro do povo. Isso, no plano nacional, estadual ou municipal.
Esse sistema político criminoso é o responsável pela completa desestruturação social e da ordem pública no Brasil. Foi ele que possibilitou os ataques à família (instituição base da sociedade), criou debates superficiais e despropositados em torno de temas fundamentais à convivência em sociedade, promoveu fartos saques aos cofres públicos e transformou os escândalos de corrupção em notícia diária nos jornais de grande circulação.
Mas, apesar de este entendimento estar institucionalizado entre partidos e governos, existe outro jeito de fazer política. Aproprio-me do slogan do Fórum Social Mundial (quem diria, muito propalado por petistas), para introduzir esta ideia: um novo mundo é possível, se a gente quiser. E precisamos querer. Isso não pode ser um discurso olvidado no passado por quem chegou ao governo e esqueceu a cartilha que ajudou a escrever.
O animal político afirmado por Aristóteles participa das soluções que beneficiam a todos. Ele pensa políticas públicas abrangentes que universalizam o atendimento de saúde, que constroem educação de qualidade e segurança pública eficiente. Que entende que o Estado deve se retirar de áreas menos essenciais e valorizar as agências reguladoras. Ele se une à voz das ruas contras os modelos de privatização que não servem ao bem comum e apenas transferem o patrimônio público para a iniciativa privada.
Este animal político não se envolve em negociatas porque entende que o dinheiro público também é dele, na medida em que o beneficia com serviços públicos suficientes e de qualidade. Com um sistema de transporte público que extermina os longos engarrafamentos e que não inaugura obras incompletas e sem data definida para funcionamento total.
Este animal político não gasta fartíssimos recursos em verdadeiros elefantes brancos que servirão apenas alguns dias de competições internacionais e depois serão um problema eterno para os cofres públicos. Ele entende que os cidadãos vivem sem circo, mas não matam a fome sem pão. E tem noção de que ensino sempre será escrito com “s”. Este animal político precisa ser ressuscitado. Precisa emergir das urnas como o cordeiro da redenção política.
O animal político de que trata Aristóteles entende que o respeito às instituições é importantíssimo para a manutenção da ordem e do progresso, consagrados na bandeira republicana do Brasil. Ele entende que uma nação sem Deus é um deserto de pessoas perdidas e, por isso, ele se pauta pelo temor ao Senhor, pela verdade e pelo amor ao próximo, ao povo. Logo, ele se afasta da corrupção e da política de bastidores inconfessáveis.
Eu quero ser este animal político. Quero fazer a diferença e um novo mundo, como pregou o slogan do Fórum Social Mundial. Convoco a todos os demais cidadãos e aos meus pares na Câmara Legislativa para fundar este novo movimento. Vamos fazer um manifesto de mudança. Vamos mostrar que o novo sempre vem, para plagiar Belchior. Vamos dizer basta a tudo que está posto e refundar a nossa cidade e o Brasil, com mais justiça, mais ordem e progresso sustentável.