analise-politica-nova-artePor: Aldo O. Gil

Fonte: Legisla Assessoria e Consultoria

Avançam os trabalhos e negociações na transição do novo governo, com sucessivas reuniões em Brasília para definir os nomes que assumirão os Ministérios e outros cargos importantes, assim como para as medidas iniciais ao enfrentamento dos grandes desafios na futura gestão. Parlamentares de todas as correntes políticas examinam com muito interesse as negociações e indicações até agora confirmadas ou ainda em fase de especulação. Dos nomes oficialmente definidos, destaca-se o de presidente para o Banco Central, Roberto Campos Neto, bastante festejado pelo mercado, diretor de banco privado e neto do falecido e renomado economista Roberto Campos.

Em relação aos anúncios e prenúncios sobre temas controversos que deverão ser tratados por Legislativo e Executivo, ainda prevalecem dúvidas nas expectativas, tendo em vista alguns desencontros de proposições e opiniões entre membros da própria equipe que coordena a transição.

Exemplo maior ocorre com a reforma da Previdência, cujas diferentes versões sob análise dificultam as tentativas para aprovar algo ainda este ano ou mesmo no início de 2019, embora as promessas de esforço nesse sentido. As possíveis medidas na área industrial, em especial a da redução de tarifas de importação, criaram preocupações entre empresários e parlamentares que defendem o fortalecimento da indústria nacional, diga-se, a grande maioria do Legislativo. A cada vez mais complexa agenda exigirá ampla articulação política e liderança também na política externa brasileira, nas áreas da cultura, envolvendo a Lei Rouanet, educação, ciência e meio ambiente, nas quais existem igualmente arestas diante das alterações previstas, sobremodo, as de conteúdo ideológico.

Causa apreensão o fato de o chamado mercado revisar sua euforia inicial com o resultado eleitoral, mostrando agora certa timidez quanto à real condição de o novo governo promover as reformas e a retomada do crescimento econômico.

Em suma, será preciso mostrar desde o começo grande poder de negociação com aliados e a oposição. As bancadas que deverão dar apoio e sustentação ao próximo mandatário da Nação apegam-se principalmente ao esperado êxito das políticas de combate à violência e de garantia da segurança pública, para que ele alcance maior credibilidade e popularidade.

Mas há plena consciência de que também nesse campo nevrálgico surgem dificuldades imensas, porque, conforme já destacado em análises neste espaço, a melhora na segurança e na queda dos índices de criminalidade no País implicará bem mais investimentos, com menos recursos a outras áreas igualmente cruciais, dadas as limitações orçamentárias.

Passados os feriados de novembro, e com o anúncio dos demais nomes na composição governamental, espera-se maior clareza sobre os rumos do novo período, assim como relativa estabilidade nas perspectivas para o ciclo político-administrativo a ser inaugurado no Brasil, em janeiro do próximo ano.

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