Cerca de 73,6 mil novos casos de câncer de mama são diagnosticados por ano no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), uma em cada 8 mulheres receberá o diagnóstico de um tumor nas mamas em alguma fase da vida. Por isso, ainda alusivo à campanha Outubro Rosa, o Departamento de Bem-Estar (Dbes) da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) realizou, nesta quarta-feira (30), uma palestra com o mastologista Elias Nascimento, que trouxe informações importantes sobre o cuidado com a saúde da mulher, a prevenção e o diagnóstico precoce da doença.
De acordo com a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que, no período de 2023 a 2025, o câncer de mama continue sendo o segundo tipo com maior incidência, correspondendo a 10,5% do total de diagnósticos em mulheres (sem considerar o câncer de pele não melanoma). No Pará, assim como em âmbito nacional, é o segundo tipo de maior incidência entre as mulheres, atrás do câncer de colo de útero (excetuando o câncer de pele não melanoma).
Quando a doença é descoberta cedo, os tratamentos podem ser menos agressivos e apresentam maior chance de sucesso. Após apresentar as principais diferenças entre nódulos benignos e malignos, o palestrante Elias Nascimento ressaltou os principais fatores de risco para o câncer de mama.
“Precisamos de campanhas sobre medidas preventivas que devem ser tomadas pelas mulheres. Porque o câncer de mama afeta não só a mulher que recebe o diagnóstico, mas toda a família, e pode ser considerado não só uma questão de saúde, mas também um problema social”, alerta Elias Nascimento.
Além da realização frequente dos exames preventivos, uma rotina saudável ajuda a diminuir os riscos de câncer de mama. Controlar o excesso de peso, não fumar, manter uma alimentação saudável e atividades físicas são essenciais para a redução dos riscos de incidência da doença. Essas ações são relevantes tanto para reduzir as chances de desenvolver câncer de mama quanto para diminuir os riscos de recidiva da doença. Uma rotina saudável pode prevenir em até 40% dos casos.
“Temos boas razões para supor que o atual estilo de vida das brasileiras é decisivo para esse crescimento do câncer de mama entre mulheres. Hoje, elas têm um menor número de filhos; optam, geralmente, por uma gestação depois dos 30, 35 anos; possuem, muitas vezes, uma rotina estressante, com dificuldades para ter uma boa alimentação e prática regular de atividade física; além do consumo de álcool, um hábito crescente entre as mulheres. Tudo isso tem relação direta com o câncer de mama”, finaliza o mastologista.
A servidora Izabelle Fonseca deu um depoimento emocionado. Ela foi diagnosticada com câncer de mama. “Quando recebi o resultado do exame confirmando o diagnóstico, foi assustador. Mas, ao mesmo tempo, esse exame salvou a minha vida. O que posso aconselhar a outras mulheres é que todas devem se priorizar, porque o diagnóstico precoce é fundamental”, afirma.
Izabelle contou que o nódulo na mama dela tinha 0,6 milímetros e estava localizado atrás da aréola, o que impossibilitava sentir apenas com o toque no autoexame. “Não tinha nem um centímetro e mudou minha vida. Então, depois de ter essa experiência, desejo que o Outubro Rosa seja todos os meses, para que possamos ter a capacidade de sermos vencedoras no combate contra essa doença”, concluiu a servidora.
Redução da mortalidade
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como objetivo diminuir a mortalidade global de câncer de mama em 2,5%, anualmente, entre 2020 e 2040. No entanto, o que se percebe é o aumento percentual, ao contrário da meta estabelecida pela OMS.
O rastreamento da doença, com a realização de mamografias anuais a partir dos 40 anos, é uma estratégia importante para reduzir as taxas de mortalidade, pois permite identificar tumores em estágios iniciais, ainda assintomáticos; facilita o tratamento e aumenta os índices de sobrevivência. As pesquisas comprovam que esse rastreamento é capaz de salvar vidas, pois assegura o diagnóstico precoce, quando as chances de cura são superiores a 90%.
Mulheres jovens
De 2015 a 2022, segundo o Panorama do Câncer de Mama, 30,5% dos casos da doença foram na faixa etária de 30 a 49 anos – 117,9 mil novos casos. A estatística reforça que o “rejuvenescimento” do câncer de mama já é uma realidade no Brasil.
Karla Lobato, diretora do Dbes, apresentou uma prévia do levantamento feito pelo setor entre as servidoras do legislativo paraense. Em 2023, 180 servidoras foram ouvidas e 64,54% das mulheres com 40 anos ou mais fizeram seus exames de rotina. Já em 2024, em um universo de 200 servidoras entrevistadas, 67,46% dessas mulheres a partir de 40 anos fizeram o rastreamento, com mamografia e preventivo para câncer uterino. Ou seja, o cenário verificado na Assembleia Legislativa acompanha a tendência de “rejuvenescimento” do câncer de mama.
“Mas o que nos surpreendeu foi que a maioria das mulheres na faixa etária de 30 a 40 anos negligenciam os cuidados com a própria saúde, mesmo sendo integrantes de uma parcela da sociedade que tem mais recursos e conhecimentos para se prevenir. Isso é preocupante”, alertou Karla Lobato.
Fonte: ALEPA