ALEMG: Parlamento reforça campanha de estímulo à doação de órgãos

1088209Para simbolizar a esperança de uma nova vida por meio da doação de órgãos, o Palácio da Inconfidência, sede da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), será iluminado com a cor verde a partir desta sexta-feira (22), em apoio à campanha Brasil Verde, que estimula esse gesto simples, mas que traduz um grande espírito de solidariedade.

A iluminação será visível até sexta (29) na parede de mármore localizada no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira (Hall das Bandeiras). Na quarta-feira (27), é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.

A doação de órgãos e tecidos, embora seja um tema erroneamente associado à morte, tem tudo a ver com a vida. A importância desse ato levou a ALMG a inaugurar, em junho de 2014, o Monumento em Homenagem aos Doadores Mineiros de Órgãos e Tecidos, localizado nos jardins do Pátio das Bandeiras. Uma escultura em bronze mostra uma mulher e um homem observando os nomes de 707 doadores mineiros, dispostos em 48 placas de aço.

Monumento em homenagem aos doadores de órgãos foi instalado nos jardins do Pátio das Bandeiras – Foto: Guilherme Bergamini

Na Assembleia, também foram aprovadas diversas leis que tratam do assunto. É o caso da Lei 15.438, de 2005, que dispõe sobre o favorecimento, pelo Estado, da doação de sangue de cordão umbilical e placentário.

Lei 11.553, de 1994, dispõe sobre a ação do Estado com vistas ao favorecimento da realização de transplantes e 10.860, de 1992, institui a obrigatoriedade de notificação, em caráter de urgência, dos casos de morte encefálica.

Autorização – O passo principal para se tornar um doador ainda é conversar com a família e deixar bem claro o desejo. Os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. É na simplicidade desse gesto que reside o principal gargalo que impede o aumento do número de doações, resultando em milhares de mortes na fila de espera por um transplante.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de cada oito potenciais doadores no País, apenas um é notificado. São apenas 14,6 por um milhão, enquanto na Espanha, uma das referências mundiais quando o assunto é transplante, são perto de 40 por milhão.

Segundo informações da Associação Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), entidade que nasceu no Rio Grande do Sul após a morte de mais uma pessoa na fila de espera por um coração, diversos fatores contribuem para esse número, mas o principal é justamente a negação familiar.

Assim como a adesão da Assembleia ao Setembro Verde, o principal objetivo da entidade é cerrar fileiras para desfazer os mitos em torno do assunto e reverter um quadro de queda no número de doações. Daí a importância de campanhas de conscientização.

O MG Transplantes, órgão da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) que cuida do assunto, tem uma linha exclusiva de orientação à população: 0800-283-7183.

Minas despenca no ranking da solidariedade Monumento em homenagem aos doadores de órgãos foi instalado nos jardins do Pátio das Bandeiras

Em Minas Gerais, as doações estão em queda há três anos. De acordo com a ABTO, de 2014 para 2016 houve queda de 11,4% no total de doações de órgãos efetivas no Estado, passando de 245 para 217.

Tanto no Brasil quanto em Minas, a recusa dos familiares foi a principal causa da não concretização. No País, esse índice foi de 43%, bem próximo ao percentual mineiro, de 45%. A recusa familiar em autorizar o procedimento cresce desde 2009 no Estado. Naquele ano, houve 74 recusas. No ano passado, foram 139.

Segundo o MG Transplantes, as 217 doações efetivas contabilizadas no ano passado foram resultado de 571 notificações, o que coloca o segundo estado mais populoso na sexta posição do ranking nacional. Quando considerado o número de notificações por milhão de habitantes, Minas ocupa a 19ª posição, com 27,4. Em doações efetivas, o Estado sobe para o 11º lugar, com 10,4 por milhão.

Tipos de doadores – O principal desafio é desfazer o mito de que os órgãos vitais podem ser retirados com a pessoa ainda viva. É preciso entender que existem dois tipos de doadores de órgãos, o que pode gerar alguma confusão no imaginário das pessoas: o doador cadáver e o doador vivo.

Neste último caso, trata-se de qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Por lei, podem ser cônjuges e parentes até o quarto grau. Para aqueles que não são parentes do paciente, é preciso autorização judicial, justamente para coibir que se obtenha lucro com esse gesto de solidariedade.

Os doadores vivos podem doar um dos rins, a medula óssea, uma parte do fígado, uma parte do pulmão e uma parte do pâncreas.

Embora pareça óbvio, sempre é bom ressaltar que, no caso do doador cadáver, a doação só pode ocorrer após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais.

Nesse caso, o doador é capaz de salvar mais de 20 pessoas, podendo doar córneas, coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem. Os transplantes ocorrem por meio de uma cirurgia tradicional e ao fim do procedimento o corpo é reconstituído, podendo ser velado normalmente.

 Fonte: ALEMG
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