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Por: Carlos Thadeu, assessor externo da área de economia da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O resultado das eleições não altera o sucesso do desempenho econômico. O Brasil vem surpreendendo os mais pessimistas e as estimativas para a evolução do PIB e da inflação subestimando nossos resultados. Isso porque a pandemia produziu grande incerteza e alterou os fundamentos econômicos, reduzindo a efetividade dos modelos preditivos. Ninguém esperava a forte recuperação das commodities e a retomada da demanda represada. Os dados positivos, no entanto, corroboram a recuperação especialmente dos serviços e vêm revertendo as expectativas.

E as conquistas são muitas: o início do processo de adesão do país à OCDE é mais uma delas que indica boas práticas adotadas pelo país, mostra a seriedade do governo e estimula o ingresso de mais investimentos externos. O Brasil é o único país que faz parte do Brics, do G20 e está na porta da OCDE, o que o torna atraente internacionalmente. Fator importante, pois nossas contas externas devem ficar cada vez mais positivas.

No acumulado do ano até setembro de 2022, o valor das exportações brasileiras somou 18,4% a mais do que no mesmo período em 2021, atingindo o recorde histórico de US$ 254 bilhões. O mesmo acontece com a corrente comercial, que acumulou US$ 460 bilhões, avanço de 23,6% em relação a 2021. Esses dados comprovam que a desregulamentação do mercado cambial tem facilitado o comércio exterior. O rebaixamento das tarifas externas, assim como a queda recente do dólar, permite ao Brasil importar mais, colaborando para reduzir a inflação e aumentar os investimentos.

Os gastos com a pandemia e a redução do ICMS foram necessários para enfrentar os efeitos inflacionários, e vale lembrar que medidas de contenção das despesas também foram tomadas, como o reescalonamento dos precatórios, por exemplo. As taxas de juros ainda apresentam níveis elevados, mas já começaram dar sinais de queda por causa das expectativas de inflação mais baixa. Isso reduzirá os gastos públicos com os juros das dívidas e facilitará a administração pública.

O controle fiscal levou à queda da dívida pública e produziu saldos primários pela 1ª vez em muitos anos. Com os trâmites para o BNDES devolver os recursos solicitados para o Tesouro, assim como as privatizações das estatais, a receita tende a se manter alta. Esse movimento, junto com os marcos legais, deu maior segurança aos investidores, atraindo mais recursos e incrementando as reservas cambiais do país, o que, consequentemente, reduziu o risco de escassez de moeda estrangeira. O real foi uma das moedas no mundo que mais se valorizou esse ano.

Fato é que hoje o Brasil está mais competitivo, pois diversos ativos são considerados mais seguros aqui do que em economias desenvolvidas. Com esse ambiente favorável, o Brasil pode crescer mais que o mercado espera. Recursos não faltam para investir no Brasil. Se tivermos confiabilidade nas nossas regras fiscais, o Brasil pode resgatar parte do seu passado perdido. Tudo vai depender da racionalidade da política econômica no próximo ano.

Isso porque o próximo governo, independentemente de quem for eleito, vai ter que lidar com o teto de gastos para cumprir as promessas eleitorais. Além disso, o Orçamento de 2023 não incorporou o aumento do Auxílio Brasil e usou uma estimativa abaixo do valor real que a inflação deve atingir para corrigir a folha de pagamento do Estado. Para fazer isso sem atingir a credibilidade do país, o governo terá que ancorar de forma transparente e realista o arcabouço fiscal de médio e longo prazo.

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