Evento online uniu legislativo, executivo, docente e agricultor em debate sobre economia e sustentabilidade na agricultura
Os canais digitais da Unale foram palco do debate, realizado na noite desta terça-feira (03), sobre “O jovem e a agricultura do futuro”. O evento online foi realizado em parceria da Secretaria de Agricultura da entidade, com a Syngenta.
Na oportunidade, políticos, acadêmicos e especialistas discutiram o futuro da agricultura nacional. “A agricultura é um pilar importante da nossa economia. Ainda mais em um período crítico como o da pandemia, onde se vê a força e os desafios deste ramo. Por isso, a Unale traz esse tema para debater e propor melhorias”, disse a presidente da Unale, deputada Ivana Bastos.
Responsável pela mediação do webinário, o professor em Engenharia Agrônoma da Universidade de São Paulo (USP), Fava Neves, falou que durante 30 anos viu o Brasil pular de importador de comida, para principal exportador, além de ver o desenvolvimento das cadeias produtivas e da preocupação com sustentabilidade.
“O Brasil é hoje o responsável por quase 80% da importação mundial de suco de laranja, 54% da soja, 46% do açúcar, 30 % do café e 20% do milho e algodão, fora outras cadeias”, exemplificou Neves.
Segundo o engenheiro agrônomo, este ano a renda das exportações devem passar dos 600 bi de reais, renda que movimenta diversos outros setores da economia.
Um dos pontos negativos citados por Neves foi o fator climático, primeiro a seca e depois as geadas. “Era para ser o melhor ano da agricultura nacional, mas o clima nos deu uma rasteira”, lamentou. Fora isso, todos os indicativos para as próximas décadas são favoráveis, já que a demanda tende a aumentar, principalmente de grãos, carnes e biocombustíveis.
Questionado sobre os desafios enfrentados na prática pelos novos produtores, o presidente da Cooperativa Agroindustrial (Coplana), Bruno Rangel, afirmou ser “necessário ter vocação e especialização em gestão, pois há um custo alto de produção”. O agricultor também falou em soluções à produção em escala versus produtores rurais, o trabalho em bloco, que atua com o compartilhamento de recursos, além da economia circular, onde diversas atividades agrícolas são trabalhadas em um mesmo espaço de produção.
Segurança jurídica e seguro rural também foram debatidos, pois, segundo Rangel, somente discutindo esses fatores haverá uma autonomia para continuar o trabalho e levá-lo para as próximas gerações.
“Eu acho que o desenvolvimento do setor agrícola é um grande desafio. Aqui na Bahia temos dois cenários, no Oeste uma região promissora, com oferta de tecnologia e oportunidades rurais. Mas também temos outras regiões em que não há incentivo algum, com pequenas e médias propriedades. Temos que capacitar, criar linhas de crédito e incentivar a agricultura familiar”, ressaltou em sua fala, o deputado Paulo Câmara (BA).
Já o secretário de Agricultura de São Paulo, Itamar Borges, citou que as ações de incentivo à inovação e parcerias é o meio de melhorar para atrair, com boas formações e pagamentos. “Acredito que há problemas, de certa maneira, uniformes em todos os estados, mas esses incrementos podem ser a virada de chave para atrair e até mesmo de fazer retornar os jovens à agricultura”, pontuou Borges.
Além disso, o secretário falou sobre a liberação de novos recursos e participação do jovem no quesito modernização e novas tecnologias, já que este é um cenário que precisa cada vez mais de mão de obra para operação de maquinários, por exemplo. “As novas gerações também serão as responsáveis pela ampliação da sustentabilidade e desse novo olhar do campo, sendo eles um instrumento de modificação da agricultura”, disse o secretário, que foi apoiado e complementado na fala pelos demais participantes.