artigoalencarAlencar da Silveira Jr. é deputado estadual pelo PDT-MG

Foi dada a largada para o segundo turno das eleições em Belo Horizonte. O perigo, agora, é a movimentação dos candidatos em busca de apoio político. Tradicionalmente, no Brasil os apoios se dão em troca de cargos nos órgãos públicos. Os candidatos oferecem secretarias, autarquias e outros tantos cargos, de chefia ou não, para os partidos que se comprometerem a apoiá-los. Espero, sinceramente, que esse não seja o caso com João Leite e Kalil, que buscam alianças que possam fortalecer suas candidaturas.

A reserva de cargos em órgãos públicos traz pelo menos dois problemas muito graves à democracia. Primeiro, não carrega consigo nenhuma representatividade ao eleitor. O partido no Brasil está se tornando uma instituição falida. São raras as legendas que possuem e cumprem um conteúdo programático bem definido, alinhado às expectativas e anseios das classes que pretende representar. Em função disso, a grande maioria dos votos obtidos por qualquer um dos candidatos nessas eleições municipais não foi por causa do partido, mas sim pela característica individual de cada um. Pouca gente votou, por exemplo, no Rodrigo Pacheco por causa do PMDB. Seus votos estão relacionados com as propostas que apresentou na campanha. Assim foi com os demais. Ora, mas se o eleitor vota no candidato, por que a prática de buscar apoio dos partidos derrotados em troca de cargos? Esse é o primeiro problema grave à democracia.

O segundo diz respeito ao aumento da ineficiência nos órgãos públicos. No processo de preenchimento das vagas nas repartições não são raras as vezes em que se indica alguém para assumir um cargo para o qual o indicado não está preparado. Além disso, essas pessoas contratadas em “cargos em comissão” muitas vezes ganham mais do que os funcionários efetivos, desestimulando estes que fizeram concurso público e têm estabilidade no emprego.

Belo Horizonte tem agora uma grande chance de romper com essa tradição. Se não negociar cargos agora, Kalil ou João Leite, pode assumir a prefeitura em janeiro sem compromissos partidários. Assim, poderá enxugar a máquina pública, mantendo e valorizando o funcionalismo efetivo. É isso que o eleitorado belorizontino espera deles.

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