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Entenda a origem do conflito entre Rússia e Ucrânia e como ele pode afetar o resto do mundo

A Rússia iniciou uma operação de invasão da Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24). O presidente Vladimir Putin anunciou uma ação militar na região do Donbass, no Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas que ele reconheceu como independentes.

Apesar de a Rússia ter confirmado apenas ações militares no Donbass, onde recentemente reconheceu os governos das repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, foram registrados ataques às bases militares ucranianas em outras regiões.

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia aumentou após milhares de soldados russos serem posicionados nas fronteiras com o território ucraniano, o que despertou o alerta para uma invasão russa na Ucrânia. Essa movimentação atípica começou em novembro de 2021 e se intensificou em janeiro de 2022.

O conflito geopolítico passa pelo interesse da Ucrânia em se aliar com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar que, nos últimos anos, anexou países que faziam parte da extinta União Soviética e que atualmente conta com 30 membros. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma que a anexação da Ucrânia pela OTAN, é uma ameaça ao país.

A Ucrânia fazia parte da extinta União Soviética, mas declarou independência no dia 21 de agosto de 1991. O país era tratado como uma região chave da antiga nação socialista por ser a segunda região mais populosa e por concentrar grande parte do setor agrícola, industrial e de aparatos militares.

O que é a OTAN

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma aliança militar que, hoje, tem 30 países. Se um dos países da aliança for atacado, todos os outros se veem obrigados a responder o ataque.

Os Estados Unidos lideraram a criação da organização durante a Guerra Fria e, inicialmente, havia 10 países da Europa Ocidental na Otan. Ou seja, se um deles fosse atacado, os EUA deveriam responder.

No fim dos anos 1990, a Otan incorporou diversos países do leste europeu, como a República Tcheca, Hungria e a Polônia (todos em 1999). Em 2004, outros sete países do leste europeu foram adicionados.

Quando a Ucrânia Pertenceu à Rússia

Ambos os países têm raízes comuns no Estado eslavo oriental de Kievan Rus. Porém estes países avançaram separadamente durante séculos, o que proporcionou o surgimento de duas línguas e culturas. Enquanto a Rússia estava se tornando um império, a Ucrânia não conseguiu estabelecer seu próprio Estado.

Já no ano de 1917, após a Revolução Russa e o final da Primeira Guerra, a Ucrânia tornou-se brevemente independente, até o início da década de 1920, quando se tornou parte da União Soviética.

Porém, apenas em 1991, a Ucrânia declarou independência com a extinção da União Soviética, a partir de então, a Ucrânia voltou seus olhos para a Europa e seu interesse em ingressar na Otan.

Origem do Conflito

Em 2013, na Ucrânia, aconteceu o evento chamado Euromaidan, que pode ser tratado como uma revolução ou como um golpe político. Na ocasião, diversas pessoas começaram a protestar nas ruas contrárias ao governo de Víktor Yanukóvytch, aliado da Rússia, por conta de casos de corrupção.

Este evento gerou uma grande Guerra Civil que fez com que os Ucranianos se unissem aos outros manifestantes. Após muitas mortes, Viktor Yanukóvytch deixou a presidência do país no dia 23 de fevereiro de 2014. Depois da deposição do presidente ucraniano a Rússia anexou o território da Crimeia, seguindo a crise política que se instaurou no país a partir do final de 2013.

A Crimeia é uma península ucraniana que havia sido incorporada ao país em 1954, quando ainda fazia parte da União Soviética. Localiza-se no mar Negro, a sudeste da parcela continental do território ucraniano.

Todos esses eventos, em especial o afastamento do presidente alinhado com a Rússia, promoveram o agravamento da crise política na Ucrânia, gerando um conflito no leste do país denominado Guerra de Donbass ou Guerra da Ucrânia, caracterizado pelo enfrentamento de grupos separatistas pró-Rússia e o exército ucraniano.

Ao todo, esta guerra registrou aproximadamente 14 mil mortes, além das destruições de várias cidades, muitas delas sendo transformadas em campos de batalha, e lavouras agrícolas. Kiev recebeu o apoio direto dos Estados Unidos, da Otan e da União Europeia, enquanto a Rússia se aproximou de Belarus.

Esta ocasião instaurou um conflito diplomático entre os dois países, mas que tomou um novo contorno com o apoio demonstrado pelos russos aos grupos separatistas do leste ucraniano e com a posterior anexação da Crimeia.

Reflexos da tensão para o mundo

O conflito entre Rússia e Ucrânia impõe reflexos não somente na Europa, que vive um momento de muita tensão com a ameaça à segurança interna no continente, mas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esta tensão entre essas duas nações implica em um impasse diplomático para os demais países, especialmente para aqueles que mantêm relações com ambos.

O cenário econômico será muito afetado, uma vez que Rússia e Ucrânia são grandes produtores e exportadores de grãos e cereais em especial para a Europa. O território russo é ainda o terceiro maior produtor mundial de petróleo e gás natural, atrás somente dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, tendo assim papel fundamental no mercado dessas commodities, principalmente no que diz respeito aos preços do barril de petróleo.

Por Danilo Gonzaga/Ascom Unale
Edição: Camila Ferreira

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