Por: Ataide Teruel
Deputado estadual de São Paulo
Todos sabemos que sommelier é um profissional especializado em conhecer vinhos e todos os assuntos relacionados a esse tipo de bebida, mas as redes sociais já identificaram e batizaram um novo tipo de sommelier: o “sommelier de vacinas contra a Covid-19”. São pessoas que, ao irem se vacinar, não encontrando sua marca de preferência, simplesmente vão embora sem a imunização.
Segundo a imprensa, os relatos dos agentes da saúde, que estão na linha de frente da vacinação, se repetem Brasil afora: as filas enormes para receber o imunizante contra a Covid-19 começam a diminuir quando as pessoas descobrem que não receberão uma dose da marca que gostariam e, sim, de outro fabricante. As justificativas, quase sempre originadas por notícias falsas, passam pela dúvida sobre a eficácia ou sobre a segurança e os possíveis efeitos colaterais dessas vacinas. E a fila da vacina, que deveria andar rápido para frear a disseminação do vírus e o surgimento de novas variantes, fica mais lenta. Com poucos imunizantes disponíveis, essa seletividade pode significar uma disseminação ainda maior do vírus e comprometer o controle da pandemia em nosso país.
Como parlamentar batalhei muito através de ofícios e projetos de lei para que o governo de SP antecipasse a vacinação de grupos prioritários, tais como profissionais do transporte público e aqueles com comorbidades, independentemente das faixas etárias ou o tipo de vacina a ser aplicada.
Precisamos acabar com essa bobagem: vacina não é vinho. Vacina é uma substância produzida e aplicada ao corpo para que o sistema imunológico tenha uma resposta de proteção contra um agente patógeno que possa vir a agredir o organismo, como vírus e bactérias. O desenvolvimento de uma vacina segue rigorosos padrões de exigência. Segundo a Anvisa trata-se de um processo criterioso, que leva em consideração: os dados apresentados pelo fabricante, a população-alvo, as características do produto, os resultados dos estudos pré-clínicos e clínicos e a totalidade das evidências científicas disponíveis relevantes para o produto, ou seja, os resultados provisórios de um ou mais ensaios clínicos que atendam aos critérios de eficácia e segurança para o uso pretendido.
Ao analisar tudo isso, para ser aprovada, uma vacina deve ter seus benefícios superados em relação aos riscos, de forma clara e convincente, considerando os critérios técnicos. Além disso, para a decisão da Anvisa, a empresa deve garantir que as informações de fabricação e estabilidade são adequadas para garantir a consistência da qualidade da vacina.
Para poder conter essa onda de desinformação de escolhas de vacinas contra a Covid-19, alguns municípios de nosso Estado passaram a adotar medidas enérgicas contra aqueles que quiserem escolher ou se recusarem a tomar determinada marca, que inclui assinar um termo de responsabilidade e ir ao fim da fila da vacinação. São medidas necessárias que, espero, consigam mostrar a todos que a melhor vacina para se tomar contra a Covid-19 é aquela aplicada no braço da gente.