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Leolinda Daltro
Arte: Reprodução/Mulheres de Luta

Neste ano é comemorado 91 anos da conquista da mulher ao voto e 26 anos da lei de cota eleitoral que determinou a obrigatoriedade de 30% das candidaturas dos partidos ou coligações para cada sexo em eleições proporcionais.

Em 2022, 91 mulheres foram eleitas deputadas federais, o que representa 17,7% do total de 513 parlamentares. Porém, essa situação já foi pior e foi preciso que outras mulheres abrissem caminhos para avanços nessas questões. Por isso, conheça mulheres que tiveram papel histórico na política brasileira:

Leolinda Daltro

A baiana, nascida em 14 de julho de 1859, foi professora, sufragista e lutou pela autonomia das mulheres. Em 1910, juntamente com outras mulheres, fundou o Partido Republicano Feminino como forma de pressionar o governo para implementar o voto feminino. Em 1934, candidatou-se para compor a Assembleia Constituinte, mas não foi eleita.

Além disso, a professora percorria o sertão brasileiro para educar indígenas com a intenção de os formar como cidadão, tendo acesso aos seus direitos. Por isso, em 1906, inscreveu alguns de seus alunos como eleitores em uma eleição para deputados.

Alzira Soriano

O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a possibilitar o voto feminino, logo em 1927. No ano seguinte seria eleita a primeira mulher prefeita de toda a América Latina, Alzira Soriano, em um país que ainda não havia permitido o sufrágio feminino, que aconteceria quatro anos depois. A jovem de 32 anos se tornaria notícia em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos.

A eleição ocorreu por conta de uma lei estadual que autorizava a participação das mulheres na política potiguar. O governador José Augusto Bezerra de Medeiros justificou a assinatura da lei Lei nº 660/1927 com base em uma leitura atenta da Constituição vigente, de 1891, que não fazia distinção entre homens e mulheres em relação ao direito ao voto.

Celina Guimarães Vianna

A lei estadual do Rio Grande do Norte possibilitou, também, que Celina Guimarães Vianna se tornasse a primeira eleitora do país e América Latina. No dia 25 de novembro de 1927, na cidade de Mossoró (RN), a professora de 29 anos foi a primeira mulher a exercer o voto.

Naquele ano, o Poder Judiciário local permitiu que as mulheres da região se alistassem para votar na eleição complementar do Senado Federal. Além de Celina, outras 20 mulheres pediram o registro, mas a potiguar foi a primeira a conseguir a autorização por, naquela época, ter o aval do marido, Eliseu Viana. Porém, por não ser apoiado pelo Estado, o Senado invalidou os votos de todas.

Carlota Pereira de Queirós

A médica paulista, no dia 3 de maio de 1933, nas eleições para a Assembleia Constituinte, foi eleita pelo estado de São Paulo a primeira deputada federal do Brasil. Carlota Pereira de Queirós era a única representante do sexo feminino entre os 254 deputados.

Após a promulgação da Constituição de 1934, teve o mandato prorrogado, permanecendo na Câmara até novembro de 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional, marcando o início do Estado Novo (1937-1945).

Médica, pedagoga e escritora, Carlota integrou a Comissão de Saúde e Educação, trabalhando pela alfabetização e assistência social na Constituinte, além de buscar melhores condições de trabalho para as mulheres, como igualdade de salários e licença maternidade.

Maria do Céu Fernandes

Foi a primeira mulher a ocupar o cargo de deputada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, e por extensão, também a primeira deputada estadual mulher no Brasil. Eleita com 12.058 votos, teve seu mandato cassado em 1937, por discordância das ideias getulistas durante o Estado Novo.

Maria da Conceição da Costa Neves

Nascida em Juiz de Fora, Minas Gerais, atriz e política brasileira. Durante a Segunda Guerra Mundial dirigiu a filial paulista da Cruz Vermelha Brasileira e fundou a Associação Paulista de Assistência ao Doente da Lepra, da qual foi presidente.

Entre os anos de 1960 e 1963 foi primeira vice-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo e com uma viagem de Abreu Sodré ao exterior tornou-se a primeira mulher a presidir um parlamento estadual no Brasil.

Adversária do Regime Militar de 1964, foi reeleita em 1966, porém teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Cinco em 1969 e os direitos políticos suspensos por dez anos. Na década seguinte empenhou-se em movimentos pela anistia.

Bertha Lutz

Conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. A zoóloga Bertha Maria Júlia Lutz se empenhou pela aprovação da legislação que outorgou o direito às mulheres de votar e de serem votadas.

Nascida em São Paulo, ao lado de outras pioneiras, empenhou-se na luta pelo voto feminino e criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF).

Sucessora de Leolinda Daltro, fundadora da primeira escola de enfermeiras do Brasil, Bertha Lutz organizou o primeiro congresso feminino do país e, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), discutiu problemas relacionados à proteção do trabalho da mulher. Também fundou a União Universitária Feminina, a Liga Eleitoral Independente, em 1932, e, no ano seguinte, a União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas.

Candidata, em 1933, pela Liga Eleitoral Independente, a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, Bertha não conseguiu eleger-se. Mas obteve a primeira suplência no pleito seguinte e acabou assumindo o mandato de deputada na Câmara Federal em julho de 1936, devido à morte do titular.

Por Malu Souza/Ascom Unale

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