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analise-politica-nova-artePor: Aldo O. Gil

Legisla Assessoria e Consultoria

O atentado ao presidenciável Jair Bolsonaro continua a produzir intensas repercussões no cenário político-eleitoral, após vários dias da lamentável ocorrência. São muitos fatores e circunstâncias a determinarem mudanças no curso da campanha eleitoral e nos aspectos psicológico e emocional da sociedade como um todo.

A primeira alteração é o fato de o candidato líder das pesquisas permanecer internado, a inspirar cuidados da equipe médica do Hospital Albert Einsten. As projeções indicam que ele não conseguirá mais participar dos movimentos de rua até a eleição, pelo menos, no primeiro turno. Por outro lado, as mais recentes pesquisas pós atentado mostram crescimento das intenções de voto de Bolsonaro e queda nos seus índices de rejeição, certamente movido pela natural ampla comoção popular, com a prática do crime contra ele. No entanto, há fortes dúvidas se tal clima de solidariedade humana continuará a embalar possíveis novos votos ao candidato ou se haverá refluxo disso, com o consequente avanço de seus adversários na corrida eleitoral.

A outra consequência do episódio, tão importante e significativa, associa-se à forma como se comportará o eleitorado, ou melhor, a sociedade brasileira, não apenas durante o período final da atual campanha, mas também após o resultado das urnas, frente ao novo governo e à futura composição dos Legislativos federal e estaduais.

A covardia do ato em si não colocou em risco a democracia brasileira, mas acrescentou considerável dose de preocupação quanto a possível aumento de tensão entre campos ideológicos menos flexíveis, um ingrediente obviamente indesejado ao já notório clima de animosidade reinante desde a última eleição presidencial, em 2014. Por isso, autoridades públicas e os diferentes segmentos do espectro político brasileiro prometem ações que evitem ou mesmo impeçam outras atitudes tendentes a arranhar/inviabilizar eleições e o nosso processo democrático.

A primeira providência foi a decisão da Polícia Federal em ampliar a segurança para os presidenciáveis na reta final ao pleito de 2018, definida logo depois do atentado. De igual importância, seguramente, é a que hoje parece encontrar caráter consensual entre os diferentes comitês dos partidos concorrentes, os quais passaram a não adotar tom belicoso nas peças publicitárias da campanha, ou seja, com menos ataques de caráter hostil. Resta saber até quando prevalecerá esse acordo tácito, verdadeiro pacto de natureza informal.

Será fundamental para o futuro do País tal entendimento, no combate à onda de violência que caracteriza um dos principais problemas e desafios atuais para governantes, legisladores e sociedade em geral. O exemplo precisa vir do exercício legítimo e autêntico da política, baseado no confronto das ideias, no debate e no convencimento, nunca pelo uso da força, da ofensa e de ameaças.

Esse é o caminho a ser trilhado por todos, sem agressões, fanatismos ou radicalismos. Se assim for, será realmente possível a plena aceitação dos resultados das urnas, a conciliação entre adversários e a promoção da paz social, condições indispensáveis para se garantir a retomada do desenvolvimento nacional.

 

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