Paulo Roriz é deputado distrital pelo PP
Prestes a completar 54 anos, Brasília cresceu e se transformou em uma das grandes metrópoles do País. A cidade, planejada para 500 mil habitantes, no ano 2000 teve sua população multiplicada por mais de cinco e já soma mais de 2,6 milhões de habitantes, superando todas as expectativas dos criadores, no final da década de 1950.
Com isso, surgiram muitos problemas e, embora o DF ainda ostente alguns dos melhores índices do País, a população mais carente tem sido penalizada com o passar das décadas. Entre as dificuldades mais comuns, encontra-se a falta de acesso à moradia, tornando muitas famílias vítimas do aluguel ou dependentes de favores de parentes e de amigos.
Em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o DF foi apontado como a unidade da federação com o maior déficit habitacional entre as regiões metropolitanas do País. De acordo com o levantamento, apresentado em novembro passado, atualmente o problema envolve cerca de 116 mil moradias ou 13,6% das residências da capital.
Situação que é ainda mais grave ao serem acrescentadas as famílias que tiveram como única opção a aquisição de moradias em áreas com problemas de regularização, como os Condomínios Pôr do Sol e Sol Nascente em Ceilândia, Porto Rico em Santa Maria, Itapoã no Paranoá, Arapoanga em Planaltina, Vicente Pires, Areal e tantos outros.
Mas a falta de acesso à moradia já não é um problema exclusivo das famílias mais carentes. O surgimento da nova classe média e o aumento da demanda por mais imóveis causaram uma especulação sem precedentes, afastando, mais uma vez, a concretização do sonho da casa própria.
No DF, um apartamento de 54 metros quadrados localizado em Samambaia, que custava cerca de R$ 60 mil em 2007, está avaliado em mais de R$ 200 mil, tornando o aluguel a única opção que cabe dentro do orçamento. Embora os preços estejam congelados há mais de um ano, os valores já atingiram patamares impraticáveis para quem vive com um salário pequeno.
A metodologia dos programas habitacionais também tem contribuído para essa realidade. O projeto que visava ao financiamento de imóveis a preços acessíveis e com subsídios vantajosos para as classes C, D e E tem se mostrado um dos vilões. Embora as prestações sejam decrescentes, os prazos tornaram-se intermináveis e podem chegar a 40 anos, muito além da expectativa de vida de muitos cidadãos que ajudaram a construir nossa cidade e ainda não têm um teto para chamar de seu. Fator que tem contribuído para o agravamento da situação de quem precisa de moradia, mas não pode dispor de muitos recursos.
Direito assegurado a todo cidadão brasileiro pela Constituição Federal, por meio de seu Artigo 6º, a moradia digna soma-se a outras inúmeras garantias que ainda precisarão de uma real e efetiva implementação.
Enquanto o problema não se resolve, Brasília, planejada para ser a Capital da Esperança e modelo para a Nação, segue ostentando esse triste índice de região metropolitana com o maior déficit habitacional do Brasil.