Em números absolutos, estima-se que o Brasil seja o segundo país com mais órfãos no mundo
De acordo com uma pesquisa da Imperial College London, o Brasil já tem mais de 282 mil menores de idade órfãos devido à covid-19. O estudo foi publicado na revista britânica The Lancet e desenvolvido a partir de um modelo de estatísticas que analisou a orfandade em 21 países, incluindo o Brasil. O dado é referente à perda de ambos os responsáveis, porque quando ela é apenas unilateral o número cai para pouco mais de 168 mil.
São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná foram os estados que mais registraram óbitos de pais com filhos com faixa etária entre um e seis anos de idade.
Diante dos dados, evidencia-se mais uma consequência catastrófica e invisível da pandemia: a situação de crianças órfãs no país. Ainda que esses números demonstrem com clareza o tamanho da tragédia sobre crianças e adolescentes pela morte dos pais na pandemia, eles não poderiam traduzir os dramas particulares de cada família.
De acordo com Organizações Não Governamentais que atuam junto a órgãos de proteção da infância no Brasil, o atendimento social para menores de 18 anos de idade foi bastante afetado em 2020 e 2021, em decorrência da suspensão das atividades presenciais. Muitos casos passaram meses sem encaminhamento, o que pode ter causado um “represamento” no levantamento real de órfãos.
A perda de um ente familiar direto, como pai, mãe ou cuidadores da família extensa têm claro impacto emocional, social e financeiro na vida dos filhos. Devido aos protocolos de isolamento da pandemia, muitas crianças não tiveram como se despedir corretamente de seus pais e isso prejudica a elaboração do luto, e consequentemente a saúde mental.
Além da carência de estrutura, referência e apoio que essas perdas tão dolorosas causam perder um pai ou uma mãe também pode afetar a renda familiar e consequentemente as condições de saúde e alimentação, especialmente nas famílias mais pobres.