Muito além de uma negociação de preço do fumo

heitor_schuchHeitor Schuch é deputado estadual pelo PSB-RS

A fumicultura sulbrasileira atravessa um período especial, com avanços significativos nos campos político e econômico, o que permitirá ao setor estabelecer um planejamento estratégico comum entre as representações de produtores, setor industrial e setores governamentais sobre o futuro desta cadeia. Cadeia que é vital para a economia de dezenas de municípios gaúchos e contribui com 13% das exportações gaúchas e 1,34% do total das exportações brasileiras, num montante de R$ 6,3 bilhões.

A negociação de preços finalizada nesta semana, após três rodadas de discussão entre produtores e indústrias, além de garantir um reajuste de 7,5% na tabela – definindo um preço médio de R$ 104,85 por arroba (base TO2) e R$ 130,50 para o fumo melhor (base BO1) – restabeleceu um vínculo rompido há cinco safras: a tabela de preços unificada deverá ser cumprida por todas as empresas e fixa outros pontos importantes no protocolo.

A insistência e persistência da representação dos produtores, em especial das federações dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGs) , dos sindicatos, da Afubra e de todas as demais entidades que representam os produtores, foi decisiva para o sucesso destas negociações que garantem a sobrevivência e a renda para mais de 185 mil famílias de fumicultores gaúchos, catarinenses e paranaenses.Um produto que tem mais de 500 anos e é produzido comercialmente há cem anos no Brasil não pode simplesmente ser destruído de uma hora para outra como pretendem alguns, que ficam pelo mundo promovendo conferências para acabar com o tabaco.

Os produtores, juntamente com suas organizações, souberam se organizar e resistir às investidas contra a fumicultura, marcando forte posição na COP 4 realizada no Uruguai e, mais recentemente, na COP 5, na Coreia do Sul, das quais participei, onde conquistou-se uma trégua para o setor, pelo menos por enquanto.

Este deve ser um ano de muito trabalho, mobilização e união de todo o setor fumageiro para enfrentar os gargalos que estão se apresentando, como a falta de mão de obra, a baixa produtividade que permanece estagnada nas últimas duas décadas, o sistema de produção de mudas, a logística, o fim do emanocamento do fumo, o sistema de classificação, a falta de medidas governamentais de apoio à diversificação para a cultura do fumo, entre outros. O futuro da fumicultura depende da organização de hoje. Somos todos responsáveis, independente do lado da mesa que estivermos.

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