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dep.mosconiO presidente Itamar Franco deixou uma imagem invejável, graças à sua postura como homem público, à sua retidão, à sua honestidade e ao grande trabalho que fez, no curto espaço de tempo em que esteve como presidente da República. O presidente Itamar Franco deixou uma imagem invejável, graças à sua postura como homem público, à sua retidão, à sua honestidade e ao grande trabalho que fez no curto espaço de tempo em que esteve como presidente da República em benefício do Brasil. A nossa história política nos uniu em vários momentos. Um exemplo foi, em 1986, quando Itamar disputou a governadoria do Estado em oposição ao ex-governador Newton Cardoso.Na época, eu era PMDB. Eu e uma dissidência do partido resolvemos apoiar Itamar, que era de outra legenda, e não o candidato do PMDB. Eu estava me candidatando a deputado federal pela segunda vez. Foi a eleição mais difícil que disputei em minha vida. O PMDB, naquele tempo, se encontrava em grande visibilidade, com uma votação magistral no Brasil inteiro. Itamar perdeu a eleição, mas adquirimos mais conhecimento político durante aquela campanha eleitoral.Em outro momento, em 1992, Itamar Franco assumiu a Presidência da República depois do “impeachment” do ex-presidente Fernando Collor. Itamar conseguiu, com muita sabedoria, segurança e mineiridade, levar o país a uma boa direção, superando as crises políticas e econômicas que havia naquele momento. O povo inteiro saiu às ruas, pintando o rosto em sinal de protesto, contra os problemas que ocorriam no Brasil.O presidente Itamar Franco assumiu dentro dessa difícil realidade. E foi nesse clima que ele me convidou para assumir a presidência do Inamps – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. Naquela época, somente quem tinha carteira assinada, tinha direito a tratamento médico. Com o Inamps, não havia uma lei que desse garantia de atendimento de saúde a toda população.Eu havia sido, anteriormente, o relator da saúde na Constituição da República, quando se criou o SUS, que foi uma grande conquista da sociedade brasileira. Talvez tenha sido uma das melhores políticas de inclusão social que o Brasil já fez até hoje, pois colocou dentro da cidadania milhões e milhões de brasileiros que eram considerados indigentes pelo Inamps.Diante desse cenário, eu disse ao presidente Itamar Franco que eu não poderia assumir o cargo porque o Inamps era o plano de saúde de quem tinha condições financeiras e eu defendia o SUS. Com toda tranquilidade, ele me disse: “Pode assumir e se, durante o andar da carruagem, você conseguir me convencer de que você está certo, extinguiremos o Inamps”.Orçamento. Na ocasião, o Inamps era o terceiro orçamento do país. Para atender a saúde da população brasileira previdenciária, o instituto tinha um orçamento que, transformado em reais, equivaleria a R$80 bilhões. O atual orçamento do Ministério da Saúde é de R$60 bilhões.O orçamento do Inamps era um exagero. No início dos anos 90, 13,5% da população brasileira era internada nos hospitais do Brasil. Hoje, tantos anos depois, a média de internação da população brasileira caiu para 6%. Isso porque, na época, as internações eram fraudulentas.Depois de certo tempo, o presidente Itamar concordou e fez um projeto de lei extinguindo o Inamps, que tinha 130 mil funcionários. Quem tinha contrato administrativo foi demitido e os concursados foram absorvidos pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Isso significou uma economia gigantesca para o Brasil e a possibilidade da existência e da implantação do SUS.Faço este relato para fazer justiça ao presidente Itamar Franco, pois o Brasil deve isso a sua coragem e a sua visão. Hoje, esse fato não é muito reconhecido. Ter a ousadia de extinguir uma instituição com 130 mil funcionários é raro no Brasil. E ele conseguiu com muita objetividade e muita coragem. Deixo aqui o meu testemunho, a minha admiração e o reconhecimento que todos devemos ter por esse grande trabalho que o presidente Itamar Franco realizou.

 

 

Foto: Willian Dias

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