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Por Correio Braziliense

O país é construído pelos trabalhadores. Pensar nos interesses e necessidades de quem acorda cedo todos os dias para ganhar seu sustento é pensar na vasta maioria dos brasileiros, sem a qual nada acontece. Servidores públicos, motoristas de ônibus, vendedores, gerentes, freelancers, trabalhadores informais e este que vos escreve fazemos todos parte da turma que, com seu trabalho, gera o valor que faz girar as engrenagens da sociedade, do comércio ao mercado financeiro.

Há, porém, grande disparidade dentro desse grupo. Boa parte dos brasileiros opera na informalidade, por falta de opção. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, no último trimestre de 2022, a taxa de informalidade no mercado foi de 38,8%. Ao todo, foram 39,145 milhões de empregados sem carteira assinada.

Na informalidade, os brasileiros ganham salários menores — menos que o mínimo, muitas vezes — e não têm a contrapartida do Estado brasileiro por sua contribuição, ou seja, direitos como aposentadoria, férias, 13º, entre outros.

Os dados de informalidade da PNAD incluem apenas empregados sem carteira assinada. Desempregados e autônomos não entram no bolo. Fica de fora uma outra questão, que precisa ser avaliada com cuidado. Um levantamento feito pelo Sebrae e divulgado em agosto do ano passado aponta que 90% dos empreendedores têm apenas um funcionário (eles mesmos), e metade recebe um salário mínimo.

Dessa forma, por trás de um discurso distorcido sobre empreendedorismo esconde-se outra face da informalidade: as pessoas que abrem “empresas” por não encontrarem outra forma de vender sua força de trabalho.

Na outra ponta do emprego, há quem ganhe grandes salários — e de forma justa, na grande maioria dos casos. Também são trabalhadores, mesmo que alguns deles neguem. A menos que você possa se dar ao luxo de nunca mais acordar cedo na vida, bem-vindo ao clube.

O fato é que a relação do Brasil com o trabalho precisa ser revista. Tratamos muito mal nossa força produtiva. Não é razoável acreditar que conseguiremos um bom nível de desenvolvimento nos próximos anos sem encontrar uma forma de valorizar quem está na ponta. Importante frisar que, por trás de todos os indicadores econômicos que lemos diariamente nestas páginas, há trabalho humano. Até os bots e inteligências artificiais ainda precisam de nós.

Precisamos discutir como abrir novas vagas formais, como valorizar e qualificar a força de trabalho já existente, e como incentivar as próximas gerações de trabalhadores. É imperativo ainda cobrar medidas do atual governo, que tanto preza o tema. O que será feito?

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