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gabriel_chalita_livroConfira aqui o artigo do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) sobre bullying, um dos principais males da sociedade moderna.

 

Bullying: um alerta de dor à sociedade

Gabriel Chalita

gabriel_chalita_livro“A escola não dura para sempre.” Essa foi a mensagem que o garoto australiano Casey Heynes, vítima de bullying, deixou para crianças e para jovens que sofrem o mesmo tipo de agressão, dia a dia, em instituições de ensino de todo o mundo. Heynes, recentemente, tornou-se conhecido por ter reagido às agressões físicas e psicológicas de seus colegas, que o humilhavam por ele ser obeso. A cena de covardia, que estava sendo filmada para exibição na rede, acabou evidenciando, de forma inusitada, toda a dor e a angústia do garoto obeso, traduzidas em socos e em pontapés.

Longe de corroborar a reação da vítima, fazendo de sua atitude um ato heróico, esse episódio traz um importante recado aos educadores e às famílias. A escola é um centro de luz, por excelência. É o lugar de referência, de aprendizado, de convivência, de significância na fase da infância e da adolescência.

Heynes faz um alerta sobre os equívocos que a escola pode estar cometendo. “A escola não dura para sempre” é uma constatação que se opõe a todas as premissas educacionais, às expectativas da sociedade, aos sonhos das crianças e dos jovens. Isto é, a escola deixa de ser um espaço de luz e de paz, de construção cidadã, para se travestir de algoz, de núcleo de sofrimento e de discórdia. É nesse terreno que o bullying, uma agressão à alma em ato de covardia, encontra espaço para proliferar e para enegrecer vidas.

À primeira vista, o bullying pode ser confundido com uma brincadeira infantil e de mau gosto, mas, na verdade, ele constitui uma atitude preconceituosa e covarde. Vitimizando, invariavelmente, aqueles considerados fracos ou diferentes, essa prática reflete a sociedade pós-moderna naquilo que ela tem de mais individualista e desagregador, como bem define o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

O caso do garoto australiano denuncia, com potencialidade, o quanto essas agressões geram humilhação, discriminação e intimidação das vítimas, marcando-as profundamente.

Em geral, as crianças que praticam o bullying o fazem por não receberem orientação adequada nem bons exemplos de seus pais. Se a educação que têm em casa não for pautada por valores nobres, essas crianças poderão se tornar adultos desajustados e violentos.

O fato é que o bullying e suas modalidades produzem sofrimento e dor em todos os envolvidos. Esse processo tem de ser interrompido. O compromisso de educar, tanto da família quanto da escola, deve ser afetuoso e propício à sadia convivência entre crianças e adolescentes, a fim de estreitar a distância entre os corações humanos.

A disseminação do acesso à internet e às redes sociais trouxe o cyberbullying, modalidade de bullying de que o garoto Heynes se tornou vítima e agressor. Cenas desumanas transformam-se em “diversão” quando divulgadas na rede.

Alastradas no ambiente virtual, as calúnias ganham musculatura e acuam ainda mais as vítimas. Os espectadores – ou as testemunhas – assistem à dinâmica dessa prática, aprendendo a conviver com ela. Apáticos, não ousam denunciar por medo de represálias nem acolhem a dor do outro, fazendo da impotência um consolo.

É fundamental, assim, que os pais e os responsáveis estejam por perto e monitorem o uso da internet pelos filhos. A escola e os professores também não podem ser omissos quanto aos casos de violência originados no ambiente escolar por medo de terem suas fragilidades como educadores reveladas. Paulo Freire dizia que a prática educativa que conduz ao sonho, à esperança, à utopia não permite a neutralidade.

As famílias e as escolas precisam resgatar o sentido da parceria, para construir ações que fortaleçam o conceito de amizade e de respeito entre crianças e adolescentes, devolvendo à escola o papel de transformar a condição humana. Heynes tem razão, “a escola não dura para sempre”. A educação, sim, é permanente.

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