ANDRÉ UZÊDA
Fortaleza – Na vida pública desde o ano da morte da cantora Carmem Miranda (1909-1955), o deputado federal Mauro Benevides (PMDB-CE), 84, não conseguiu renovar seu mandato no último dia 5.
Benevides teve 60.201 votos e ficou na primeira suplência do PMDB – que fez só três federais no Ceará.
A trajetória parlamentar do peemedebista inclui a Câmara de Fortaleza, quatro mandatos na Assembleia cearense, cinco na Câmara dos Deputados e dois no Senado.
Benevides foi filiado ao PDS de Getúlio Vargas, mas, com o bipartidarismo no regime militar, migrou para o MDB (atual PMDB), onde ainda permanece.
Para ele, a explicação para a derrota passa longe dos protestos de 2013 e dos pedidos de renovação na política.
“Estava eleito até as 20h de domingo, mas dois deputados campeões de voto de outra coligação puxaram outros três candidatos e me atropelaram. Quem poderia esperar por isso?”, diz, aos risos.
Quando Benevides entrou na política o físico alemão vencedor do Nobel Albert Einstein (1879-1955) ainda era vivo, o Brasil não tinha conquistado nenhum dos seus cinco títulos mundiais de futebol e Café Filho presidia o país após o suicídio de Vargas, ocorrido um ano antes.
Mesmo com o revés nas urnas, o político não fala em aposentadoria e prepara um livro de memórias sobre seus 59 anos de vida pública, que leva o título provisório de “Se não me falha a memória”.
“Estou na suplência e posso entrar a qualquer momento. Ainda acho que tenho muito a contribuir”, diz.
Publicado na Folha de São Paulo em 13/10/14