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aides_hivEnquanto o Brasil vive um momento de estabilização da epidemia de AIDS, o Rio Grande do Sul amarga os maiores índices de incidência da doença do País. “Nosso estado está colhendo o que plantou no decorrer das últimas três décadas e meia. Os altos índices são resultado da falta de investimento político, técnico e de recursos financeiros para enfrentar o problema”, resumiu o pesquisador Ricardo Charão na audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, realizada no final da tarde desta segunda-feira (7), para discutir as políticas públicas de atenção às pessoas portadoras do vírus HIV no Rio Grande do Sul. O encontro foi proposto pelo deputado Adão Villaverde (PT).

Embora a detecção da doença tenha sofrido uma redução de 10,1% de 2012 a 2014 e a de mortalidade tenha caído 11% de 2003 a 2014, o Rio Grande do Sul vive um recrudescimento da epidemia. A Região Metropolitana, o Vale do Sinos e a Capital concentram 62% dos casos da doença. “A ampliação do acesso ao diagnóstico com a implantação do teste rápido favoreceu o combate à doença. No entanto, o Rio Grande do Sul registra o dobro da taxa brasileira, o que é um indicador preocupante”, admitiu a coordenadora de DTS/AIDS da Secretaria Estadual de Saúde, Jaqueline Oliveira Soares.

Para forçar a redução dos índices, ela defendeu a implantação de uma política de prevenção centrada nas necessidades do usuário do sistema público de saúde e voltada aos municípios. “Nosso grande desafio é superar o estágio das ações fragmentadas e alcançar uma efetiva política de prevenção. E isso passa, necessariamente, pelo enfrentamento do estigma e do preconceito que cercam a doença”, apontou.

Transmissão vertical

As estatísticas relativas à transmissão vertical de mãe para filho apresentam redução expressiva no Brasil e no Rio Grande do Sul. Em nível nacional, a queda foi 58,2% entre 2002 e 2014. No estado, a redução foi maior ainda, chegando a 62,7% no mesmo período. A capacitação das maternidades e a assistência prestada pela Rede Cegonha na Atenção Básica são apontados pelos especialistas como as principais causas da retração dos índices.

Já os pontos fracos do sistema público de saúde, segundo os próprios usuários, são a retaguarda hospitalar para pacientes que usam retrovirais por muito tempo e o preconceito existente nos serviços. “A dificuldade para acessar leitos hospitalares e o preconceito ainda são os fatores que mais matam”, criticou o ativista da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com AIDS José Hélio Catalunga.

A solução para o problema, na opinião do representante da Secretaria de Saúde de Porto Alegre Gerson Winkler, passa redimensionamento do modelo de assistência. “Precisamos olhar para a porta de entrada do sistema que, àss vezes, são as emergências, e criar mecanismos para reduzir o fosso que ainda separa o diagnóstico e o início do tratamento”, recomendou.

Frente parlamentar

Ativistas e representantes de movimentos populares propuseram ao deputado Adão Villaverde a constituição de uma frente parlamentar para tratar do tema da AIDS e a apresentação de um projeto de lei instituindo um mês de conscientização sobre a doença, nos mesmos moldes do Outubro Rosa e Novembro Azul. “São iniciativas que podem, a partir da Assembleia Legislativa, intensificar as ações de prevenção e conscientização em relação à doença, especialmente, na juventude, que tem sido a vítima da vez”, concluiu o parlamentar.
 

Fonte: ALRS

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