ALESP: Audiência pública debate reforma do ensino médio e atos de violência nas escolas

Foto: Divulgação/ALESP

Convocado por Paula da Bancada Feminista, evento reuniu líderes da sociedade civil e discutiu consequências da reforma e perspectivas para a educação pública

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou na noite de quarta-feira (19) uma audiência pública para discutir a reforma do ensino médio. Requerido pela deputada Paula da Bancada Feminista, o evento promoveu um debate sobre o tema entre representantes de diversas entidades da sociedade civil, sobretudo líderes estudantis, sindicais e de especialistas na área de educação.

“É um tema de suma importância para o nosso mandato. Temos nos debruçado para ouvir toda a comunidade escolar”, disse Paula na introdução do evento. Logo em seguida, passou a condução da Mesa Diretora à Sirlene Maciel, que atua de modo conjunto no mandato coletivo da parlamentar do PSol.

Na Mesa, estiveram presentes Lucca Grida, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES); Luka França, co-autora do relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”; Michele Schultz, presidente da Associação de Docentes da USP; João Zafalao, representante da Apeoesp; e Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP e coordenador do GT de Educação da Transição.

‘Desmonte’ na educação

“A gente está vendo um desmonte. O que já não estava bom, piorou”, disse Sirlene sobre a condição da educação pública após a aprovação da reforma do ensino médio.

Para a discussão do tema, declarou Maciel, “tentamos chamar vários segmentos da sociedade, pois entendemos que esse é um tema muito importante e contribui também para a violência nas escolas”.

‘Falta de estrutura’ nas escolas

Para Lucca Grida, a reforma do ensino médio acabou por acentuar as desigualdades entre ensino público e privado. “A reforma não combate os principais problemas da educação, que é a falta de estrutura, de professores, alunos sem direito a um laboratório de ciências… Não combateram esses problemas”, disse o líder estudantil.

João Zafalao, representante do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, contextualizou a implementação do novo ensino médio em um cenário que já vinha se deteriorando nos últimos anos. “Houve um processo de precarização global dos professores. As escolas públicas já tinham dificuldade e, com a reforma do ensino médio, foi um caos total”, disse o professor.

Zafalao exemplificou o tema com sua experiência pessoal. O professor afirmou que está com oito disciplinas para ministrar neste ano e, em muitas delas, mal sabe como montar o programa.

Extremismo e violência

A respeito dos casos de violência nas escolas, Daniel Cara destacou a repercussão de um relatório elaborado durante a transição de governos que mudou a chave de interpretação sobre o assunto. “Pela primeira vez se assumiu”, disse Daniel, “que o problema dos ataques às escolas é estruturalmente pautado no extremismo de direita e neonazista”.

A categorização, segundo Cara, ajuda a compreender e superar o fenômeno. “Não podemos ter medo de dar nome às coisas”, disse o professor. “Os ataques são uma tentativa de vingança contra o ambiente escolar e contra a sociedade num geral”, destacou Daniel.

Fonte: ALESP

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