Colegiado conhece projeto com crianças autistas desenvolvido em escola de Vitória
A inclusão de alunos com demandas especiais é um desafio para o ambiente escolar. A Comissão de Saúde recebeu profissionais de educação infantil para apresentar o projeto “Sou diferente, e daí?”, desenvolvido em um centro de educação infantil localizado em Vitória. O projeto é voltado para alunos com autismo e, além de atuar diretamente com a criança que apresenta o transtorno, os profissionais trabalham, de forma lúdica, a inclusão social pelos outros alunos da escola.
Além da neuropsicopedagoga Mariah Aparecida Monjardim e da professora Carolina Freitas Almada, o Colegiado de Saúde recebeu a aluna Ana Clara Maia Braga, 3 anos, e sua família. A menina é uma das participantes do projeto e apresentou sucesso no processo de aprendizagem. O centro de educação possui, atualmente, quatro alunos autistas. A escola utiliza o método montessoriano, que privilegia a autonomia da criança no processo educativo.
O projeto desenvolve atividades específicas para cada criança com transtorno. As atividades individualizadas são associadas a outra ferramenta fundamental no processo: o afeto.
“O afeto auxilia o professor a encontrar os recursos necessários para trabalhar as dificuldades de cada aluno, lembrando sempre que o brincar é um grande facilitador para o desenvolvimento cognitivo da criança”, explicou Mariah Monjardim. A brincadeira é, de fato, uma grande aliada do projeto. Ela é capaz de desenvolver habilidades cognitivas e intelectuais, além ser uma ferramenta de inclusão social junto aos outros alunos.
Trabalho conjunto
A neuropsicopedagoga explicou que o projeto começa com a observação diária dos alunos com o objetivo de compreender o processo de aprendizagem de cada um: “Começa com a integração do aluno na educação infantil, na qual a criança autista começa a se desenvolver intelectualmente e afetivamente nos ambientes internos e externos, conhecendo uma nova realidade, proporcionada pelos alunos, docentes e toda equipe da instituição escolar”, acrescentou.
No centro de educação infantil, o professor assume um papel de observador e mediador, conduzindo o aprendizado com paciência, delicadeza e sensibilidade. Além disso, o corpo docente prioriza a especificidade de cada aluno, compreendendo que cada estudante com demanda especial pode responder melhor a um estímulo específico.
O trabalho é desenvolvido em conjunto com a família. “A escola sozinha não consegue fazer muita coisa. O sucesso se dá com a consolidação de uma parceria da escola com a família, essencial no desenvolvimento da criança autista”, reforçou a professora de Educação Infantil Inclusiva Carolina Almada.
A professora também destacou o desenvolvimento da aluna Ana Claro como um exemplo exitoso do trabalho. “A Ana Clara reconhece letras, forma frases, reconhece os números. E isso pra gente é uma grande vitória. Trabalhamos a questão do toque, da socialização, entre outros aspectos. Nós conseguimos ver a evolução desses alunos. E temos um trabalho especial com as outras crianças, para que elas tenham um convívio natural, sem preconceitos”.
Rede pública
A reunião da Comissão de Saúde foi presidida pelo deputado Dr. Hércules (MDB) e contou com a presença do deputado Emílio Mameri (PSDB). Eles destacaram a importância de projetos similares na rede pública e ensino.
“Nós estamos conhecendo um projeto de um centro de educação infantil particular. Esse é um exemplo importante que pode ser levado a nossa rede pública. A inclusão é um desafio para todos os profissionais da educação. Precisamos de qualificação do corpo docente e estrutura para obter uma educação inclusiva”, destacou o presidente do colegiado.