O projeto de lei que permite a presença de doulas durante todo o período de trabalho de parto e pós-parto imediato, sempre que solicitadas pela parturiente em maternidades, casas de parto e estabelecimentos hospitalares congêneres, da rede pública e privada do Paraná é considerado um avanço para a popularização do parto humanizado. É o que explica a doula Nitiananda Fuganti, que participou do programa Assembleia Entrevista, da TV Assembleia. Para ela, o projeto de lei 388/2020, de autoria dos deputados Mabel Canto (PSC), Gilson de Souza (PSC) e Goura (PDT), garante às mulheres de todo o Estado um direito que é negado em grande parte das instituições de saúde.
“Em Curitiba, avançamos nisso, em ter as portas abertas para as doulas. Mas no Paraná como um todo temos bastante resistência. A ideia da lei é que mulher de outras regiões do Estado tenham direito a este profissional. A Organização Mundial de Saúde lista uma série de benefícios que a doula traz para a família. Então a lei garante às famílias, mulheres e doulas que o evento do parto tenha essa participação. Quem não quiser ter doula, não vai ter doula”, diz Nitiananda.
Ela explica que o trabalho da profissional é de acompanhamento e orientação. “O trabalho da doula é voltado para o bem-estar da mulher, em especial o emocional. Desde que os partos voltaram para o convívio hospitalar, falta esse cuidado mais afetivo. Nós estamos para somar à equipe técnica”, conta.
A doula explica que as profissionais trabalham para oferecer todo o apoio às mulheres. “No momento do parto, ajudamos com métodos de suporte contínuo. Não saímos do lado da mulher que está parindo. A doula fica ao lado da mulher e da família, com orientações, massagens, indicando posições. Antes e depois da gestação o que marca o trabalho da doula é este acompanhamento. Entra também neste momento de informação, falando para família o que ela vai viver”.
A OMS reconhece o trabalho das doulas, mas no Brasil e no Paraná não há uma regulamentação para a presença delas nas maternidades. E, muitas vezes, os hospitais restringem essa presença na hora do parto. “Não há regulamentação para esta profissão. É conhecida hoje como ofício. As doulas sempre existiram, não é algo novo. É novo como profissão. A medida que trabalhamos, esse trabalho vai tomando forma. Estamos elaborando nosso próprio código de ética e conduta, para que nossa presença venha sempre a somar”, informa.
O trabalho das doulas é cada vez mais necessário, diz Nitiananda. Pesquisas demonstram que o acompanhamento dessas profissionais tem reduzido em até 50% a taxa de cesáreas, diminuído em 20% a duração do trabalho de parto e em 60% os pedidos de anestesia. Além disso, foi registrada queda de 40% no uso de ocitocina e de fórceps.
“O parto precisa voltar a ser olhado como algo natural e fisiológico. Nosso trabalho está direcionado à melhor assistência às famílias. Parece óbvio, mas tem muitos lugares em que isto não acontece. Falamos hoje do enxoval emocional, que é a preparação para o que está dentro das mulheres, com a segurança de várias profissionais assistindo seu processo, com vários profissionais acompanhando. Isso faz muita diferença no momento do parto”, afirma a doula durante a entrevista.