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alepeOs impactos positivos que o envolvimento paterno conferem ao desenvolvimento e ao bem-estar da criança. Este foi o debate promovido, nesta quinta (23), pela Frente Parlamentar em Defesa da Primeira Infância, que chamou atenção para os desafios que precisam ser enfrentados na sociedade brasileira, marcada ainda pela desigualdade de gênero, para aumentar a participação dos pais nas tarefas educativas, familiares e domésticas.

“Estudos internacionais mostram que quando o homem cria laços afetivos e está envolvido no início da formação de seus filhos, estes vão desenvolver uma atitude positiva pelo resto da vida”, disse a coordenadora da frente, deputadaSimone Santana (PSB). “Os meninos criados em um lar onde o pai divide as responsabilidades com a mãe tenderão a reproduzir ações equitativas de gênero e as meninas a se desenvolver mais empoderadas e autônomas”, acrescentou a parlamentar.

Representante do Instituto Papai, ONG que trabalha na reflexão sobre a masculinidade e a desigualdade de gênero, Mariana Azevedo explicou como os papéis de mãe cuidadora e de pai provedor foram naturalizados socialmente. ”Cuidado é uma habilidade aprendida ao longo da vida, mas nossa sociedade construiu a ideia de que isso é inato na mulher, enquanto cabe ao homem a responsabilidade de trabalhar e de sustentar a família”, analisou. “Quando nossas instituições conferem cinco dias de licença-maternidade ao homem e de quatro meses para a mulher elas estão reforçando estes papéis”, acrescentou.

Representando a União Mães de Anjos (UMA), associação que reúne genitoras de crianças com microcefalia, Hellen Souza destacou que o abandono paterno é uma realidade ainda mais forte quando os filhos apresentam alguma deficiência. “Este é o meu caso e o de 70% das 418 famílias que hoje formam a UMA. O Poder Público precisa estar atento a essa situação, oferecendo apoio a essas mães e promovendo uma educação que transforme o comportamento dos futuros pais”, defendeu.

O influenciador digital Geraldo Lelis, que tem um instagram que discute questões da paternidade, fez um relato sobre sua experiência como pai de uma menina de três anos. “Abracei a missão de conversar com as pessoas sobre os privilégios que os homens ainda têm e da necessidade de assumirmos nossas responsabilidades na criação dos filhos”, contou. “Atribuir à mãe a responsabilidade pelo cuidado das crianças é uma construção machista que precisa ser enfrentada”, completou Fernando Alvarenga, pai de uma menina de três anos e que também alimenta um instagram sobre o tema.

Pai de duas meninas, Sérgio Costa Floro sustentou a necessidade de o Estado observar os novos arranjos familiares, promovendo políticas e legislações que atendam a esta diversidade. “O termo mais adequado não seria paternidade, já que há famílias só com mãe, ou com duas mães e dois pais, por exemplo. Temos que tratar da parentalidade”, pontuou.

“É preciso chamar atenção para a diferença entre ajudar e participar. O primeiro termo dá ao pai a faculdade de atuar ou não no cuidado com o filho, enquanto o segundo remete a uma divisão de atribuições”, afirmou Rafaela Marques, coordenadora do Departamento de Saúde do Homem da Prefeitura do Recife. Ela apresentou a campanha educativa que o órgão promoveu para sensibilizar o homem a se envolver no processo de pré-natal.

“A mudança deste comportamento machista exige um processo de formação longo e continuado. É neste sentido que a gestão municipal do Recife vem trabalhando, na contramão do que vem sendo promovido no Governo Federal, que atua para diminuir, por exemplo, as discussões sobre gênero nas escolas”, acrescentou a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Recife, Ana Rita Suassuna. Soledade Cordeiro, secretária executiva da Rede Estadual da Primeira Infância, destacou que a participação na formação do filho não é um privilégio, mas um direito dos pais e das crianças.

Fonte: ALEPE
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