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Para a segurança das escolas, a integração com a comunidade, a construção de um clima positivo e do sentido de pertencimento são medidas mais eficazes que a instalação de detectores de metais e a contratação de guardas armados.

A opinião é de pesquisadores e gestores presentes ao Encontro Nacional sobre a Violência no Ambiente Escolar, realizado nesta quinta (15), pela Assembleia Legislativa. O evento foi promovido em parceria com a União Nacional de Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale).

O Brasil já é o segundo país em ataques contra escolas, atrás apenas dos Estados Unidos. Do primeiro caso, em 2002, na Bahia, até abril deste ano, em Santa Catarina, foram 30 episódios e 36 mortos, entre estudantes, funcionários e atiradores que cometeram suicídio.

Os dados foram apresentados por Telma Vinha, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para ela, a segurança pública é fundamental, mas do lado de fora do muro.

“Investir só em equipamento de segurança, como filmadoras e detectores de metal, não tem êxito para evitar os ataques. Policiamento dentro da escola, pode, inicialmente, dar uma percepção de segurança, mas no longo prazo não só não previne ataques como piora a qualidade do clima escolar” avalia Telma. Segundo ela, a presença de policiais armados dentro da escola gera insegurança e medo nos alunos, com os estudantes negros sendo os mais afetados.

O levantamento também revelou como crianças e jovens são cooptados no ambiente virtual, por meios que incluem comunidades de jogos.  Elas buscam reconhecimento e espaços de escuta, ainda que dentro de uma subcultura extremista. Compartilham ódios em comum e acreditam em verdades que ninguém mais consegue enxergar.

Autor do livro “A Geração do Quarto”, que coletou mais de 3 mil depoimentos de pessoas de 11 a 18 anos em cinco capitais brasileiras, Hugo Monteiro Ferreira, da UFRPE, identificou jovens atravessados por diversas formas de violência em todos os espaços de convívio social. E chamou atenção para o mundo que se abre por meio da internet, o adolescente isolado no quarto não está mais sozinho.

“Existe um universo com pessoas praticando, aprendendo e vivenciando violências num espaço da internet que a gente não tem contato. É uma geração atravessada por esse espaço, com experiências existenciais nele, e que é atravessada pelo ódio, preconceito e radicalismo”, observou Hugo.

Ações governamentais

Ações do Governo Federal para garantir a segurança dos alunos também foram debatidas no evento. Um grupo de trabalho interministerial foi criado para propor soluções de médio e longo prazo compatíveis com a complexidade do problema, de acordo com a secretária de educação continuada do Ministério da Educação, Zara Figueiredo.

Como resposta imediata aos ataques e ameaças divulgadas no último mês de abril, a pasta lançou recomendações e antecipou recursos financeiros para que as redes de ensino adotassem as ações que julgassem necessárias. O secretário nacional de segurança pública, Tadeu Alencar, destacou a Operação Escola Segura e a atuação do Ministério da Justiça para obrigar as big techs a derrubar conteúdos criminosos.

As falas deram uma ideia do tamanho do problema, mas também apontaram para uma luz no fim do túnel, na avaliação do presidente das comissões de Educação da Alepe e da Unale,  deputado Waldemar Borges(PSB).

“A gente espera que, a partir de reflexões como essa, também, formatar, começar a formular políticas públicas que possam ajudar no enfrentamento dessa questão tão grave, tão dramática e tão complexa e tão urgente de ser enfrentada que é a questão da violência escolar”.

Também participaram do encontro representantes da Prefeitura do Recife, Ministério Público de Pernambuco, vereadores e deputados de outros estados.  A plateia teve a presença de diretores de escolas, profissionais da educação,  pesquisadores  e estudantes.

Fonte: ALEPE

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