Movimentos, campanhas, ações educativas e leis despertam a consciência para a escalada da violência sexual e visam apoiar vítimas para que falem, denunciem e recebam o atendimento devido. Ainda assim, revelar o abuso sexual continua a ser difícil, especialmente quando acontece durante a infância e no seio da família. O delicado tema começa a ser debatido ainda mais a partir deste dia 1º. O Maio Laranja foi destaque na sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).
A convite do deputado Pedrossian Neto, a conselheira tutelar de Campo Grande, Ana Caroline Kalache fez uso da tribuna e destacou a importância do Maio Laranja. “É uma fundamental para conscientização, prevenção e proteção das nossas crianças e adolescentes contra qualquer forma de violência sexual. É urgente o enfrentamento ao problema, capacitando as pessoas para identificar os sinais, quebrando tabus e garantindo o apoio à vítima”, disse.
Ana Carolina informou que em 2023 foram 39.357 denúncias de abuso e exploração sexual. “Uma em cada quatro meninas e um em cada seis meninos foram vítimas de algum tipo de abuso ou assédio sexual antes dos 18 anos no Brasil. Devemos estar atentos aos sinais de qualquer violência sexual infantil e saibamos responder de maneira apropriada e eficaz. A prevenção e a capacitação dos atores de proteção da rede e também da sociedade são fundamentais para proteger nossas crianças e adolescentes”, disse.
A psicanalista Viviane Vaz, diretora do Projeto Nova, abordou acrescente presença de imagem de abuso e exploração sexual na internet. “É nosso dever trazer à luz essa realidade dolorosa. Nosso Estado sempre ocupa as primeiras posições nos índices. Isso nos invoca a mudarmos essa situação. Muitas crianças estão sendo aliciadas dentro da própria casa, entre quatro paredes, fazendo uso da internet. 78% dos usuários de internet, com idade de 9 e 17 anos, estão expostos e revelam a vulnerabilidade das crianças no contexto online”, falou.
Segundo Viviane, a violência sexual contra crianças e adolescentes desconhece fronteiras, classes sociais e culturas. “Infelizmente, está presente entre os povos indígenas e ribeirinhos, nas casas ricas e abastadas, em todas as classes sociais. Precisamos do compromisso genuíno para enfrentar essa pandemia. As crianças têm direito fundamental de crescerem num ambiente seguro, livre de violência e exploração. Somos o maior catalisador para mudança. Que nosso compromisso seja inabalável. Juntos podemos fazer a diferença”, afirmou.
Bastante emocionada, Zaira Brito, responsável pelo Abrigo Segunda Casa, falou como as vítimas chegam na instituição. “Assustadas, com medo. Elas são retiradas da própria casa e vivem sob ameaça. A maioria sofreu a violência de quem deveria protegê-la. Nosso desafio é dar amor, cuidado e mostrar que ela merece ser amada. Devemos estar atentos aos sinais”.
O abuso contra crianças e adolescentes pode se fazer evidente de forma direta, na forma de marcas, machucados e hematomas. Hesitação em permitir com que a criança use trajes de banho em público, por exemplo, podem ser sinais de que os pais ou cuidadores estão escondendo abuso.
O comportamento também pode ser um indicativo. Além do aspecto físico, o abuso pode causar problemas como depressão e ansiedade. Crianças que mentem demasiadamente, ficam em silêncio, que se tornaram agressivas ou possuem dificuldades de se expressar apresentam sinais de que estão sendo violentadas.
Todos esses comportamentos demonstram o medo extremo que a criança sente de desapontar os adultos à sua volta, um sinal de abuso infantil. Por outro lado, a desnutrição e a falta de higiene também podem ser sinais.
Fonte: ALEMS