Animais do Pantanal “saíram” das páginas de um livro infantil para ganhar voz, gestos, movimentos e expressões em palcos de diversas escolas. Nesse caminho, “percorreram” 1,16 mil quilômetros, distância entre Campo Grande (MS) e Vera (MT). Os bichos são personagens do livro “Capivarinhas não são sozinhas”, que trata sobre o enfrentamento da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes, causa que tem atenção especial neste mês, em que é realizada a campanha “Maio Laranja”. O livro é uma produção da Gerência de Site e Mídias Sociais, vinculada à Secretaria de Comunicação Institucional da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).
Esse e outros cinco livros digitais infantis fazem parte da coleção “Cidadania é o bicho”. As publicações, voltadas às crianças, narram histórias que têm sempre como cenário o Pantanal e como personagens animais desse bioma. As histórias tratam, com leveza, de assuntos graves, sérios e que precisam ser discutidos, como racismo, autismo, violência contra a mulher e violações dos direitos dos idosos. E, neste mês, de campanha do Maio Laranja, a história contada no livro “Capivarinhas não são sozinhas” se transformou em teatro no estado vizinho, na cidade de Vera, região norte de Mato Grosso.
“Foi uma mobilização aqui no município”, contou Tânia Vaniski, coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Vera, em menção ao alcance da peça teatral produzida a partir da história do livro. “Foi muito bom fazer um trabalho em cima de um livro em forma de teatro desenvolvido por adolescentes. Essa ação fez parte do 18 de Maio, a campanha ‘Faça bonito’. E a experiência que nós tivemos foi impactante, porque mobilizamos o município”, comemorou.
A coordenadora disse, ainda, que o teatro foi apresentado em várias escolas de Vera. “Chegamos a apresentar a um grupo de aproximadamente 450 pessoas. Foi maravilhoso! A mensagem que o teatro conseguiu transmitir era, justamente, o nosso objetivo. Era com essa linguagem que queríamos falar sobre a violência sexual de crianças e adolescentes. Acho que é uma comunicação fácil para as crianças. Ao abordar um tema tão delicado, tínhamos receio do impacto que isso causa. E o livro conseguiu nos dar esse suporte para a gente conseguir ser transmissor da mensagem de uma forma mais leve. Foi maravilhoso”, considerou Tânia.
O livro “Capivarinhas não são sozinhas” foi escrito pela jornalista e analista judiciária Ana Maria Assis de Oliveira em maio de 2020, quando era servidora da ALEMS. Foi a primeira publicação do projeto. “No livro, buscamos usar palavras simples, chegando mesmo às crianças, às pessoas que trabalham com esse tema. Isso demonstra que o nosso objetivo está sendo atingido. Aos pouquinhos, num trabalho de formiguinha, a gente tem feito alguma diferença”, considerou Ana Maria. “Ver isso se transformando em outros tipos de arte é algo ainda mais valioso, porque a arte, a educação, a cultura são caminhos para um mundo melhor. Muitas vezes a gente quer remediar as situações e, depois que uma criança é violentada, não tem nada que tire a dor daquela família, que tire a dor dessa criança ou devolva a vida a ela, devolva a saúde a ela e que faça que isso desapareça de sua história”, acrescentou.
Maio Laranja
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Governo Federal, foram notificados 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no país no período de 2015 a 2021. Dessas notificações, 83.571 violações foram contra crianças e 119.377 contra adolescentes. Em 2021, o número de notificações foi o maior registrado ao longo do período analisado, com 35.196 casos.
Como forma de contribuir no enfrentamento dessa violência, foi criada a campanha Maio Laranja. Em Mato Grosso do Sul, esse ação foi instituída pela Lei 5.118/2017.
“Cidadania é o bicho”
Os livros infantis da ALEMS estão entre as iniciativas que buscam transformar a realidade de violações de direitos, tratando de vários temas de forma lúdica. Já foram publicados seis livros que abordam os seguintes assuntos: violência contra os idosos (“Uma festa para a vida”), igualdade de gênero (“A descoberta da oncinha de laço apertado” e “Iguana calada”), racismo (“Preta, rainha nascida do céu e da terra”) e conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (“Corria no Pantanal uma ema”).
Fonte: ALEMS