O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima, para 2018, 12.500 casos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil. Nesse cenário, o Nordeste ocupa o 2º lugar, com previsão de 2.900 casos. Para enfrentar esses quadro, o diagnóstico precoce e o acesso rápido ao tratamento qualificado são imprescindíveis.
O alerta é de parlamentares da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), no Dia Estadual de Combate ao Câncer Infantojuvenil, 23 de novembro. A data, instituída em lei criada na Alece em 2008, converge com a nacional e busca a sensibilização sobre a questão de saúde pública que afeta crianças e jovens.
Para a deputada Rachel Marques (PT), prevenção e informação são essenciais quando se fala em câncer e, especialmente, nos casos infantojuvenis. A parlamentar afirma que campanhas de conscientização e sensibilização sobre o tema são muito importantes, pois muitas vezes há desconhecimento sobre o aparecimento dos primeiros sinais. “São informações que precisam ser difundidas entre as famílias, para que possam identificar precocemente”, assinala.
A deputada também aponta a ação do Poder Público em oferecer tratamento de forma rápida e decisiva no processo de cura e na qualidade de vida das crianças e adolescentes que têm câncer e precisam enfrentar a doença. Segundo o Inca, o câncer é a principal causa de morte por doenças em crianças e adolescentes no Brasil.
A deputada Fernanda Pessoa (PSDB) afirma que o crescimento de casos de câncer em crianças nos últimos anos acende um sinal de alerta e, no mês que acolhe data de combate à doença, é necessário lançar luz a essa questão. A parlamentar cita o trabalho do Hospital Infantil Albert Sabin, localizado em Fortaleza, como referência no tratamento do câncer infantojuvenil, resultado da dedicação dos profissionais da medicina, enfermagem e gestão.
Fernanda Pessoa pontua a importância de mais políticas públicas para que todos tenham acesso ao tratamento e ao diagnóstico precoce e afirma que o trabalho de mandato dela tem fortalecido essa corrente, com projetos para aumentar a capacidade de números de biópsia para detectar câncer de mama e próstata, assim como a perspectiva de que isso seja ampliado para outros tipos da doença. A deputada é autora da Lei 15.669, de 2014, que institui 27 de novembro como o Dia Estadual do Combate ao Câncer no Ceará.
Sensibilização e ação
O Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), equipamento do Governo do Estado, é referência quando se fala em tratamento do câncer infantojuvenil. Segundo Selma Lessa, coordenadora do Serviço de Oncohematologia do Centro Pediátrico do Câncer (CPC), anexo do hospital, são atendidos, em média, 200 novos casos por ano.
De uma forma geral, o tipo de câncer mais comum em crianças e adolescentes é a leucemia linfoide aguda e, entre os tumores sólidos, o tumor no sistema nervoso central, revela a profissional.
A médica afirma que, na infância e adolescência, o ponto mais importante é o diagnóstico precoce. Por isso, explica Selma Lessa, o CPC atua hoje com um ambulatório de portas abertas para que qualquer profissional de saúde do Estado possa encaminhar casos suspeitos. A mobilização se edifica na certeza de que a chance de cura tem relação direta com o diagnóstico precoce e o começo do tratamento, acentua.
Para fortalecer esse processo, ações em parceria com instituições como a Associação Peter Pan (APP) percorrem o Ceará promovendo qualificação e capacitação de profissionais, como médicos, enfermeiros e agentes de saúde. A partir da formação e sensibilização, mais pessoas desenvolvem o olhar atento aos primeiros sinais que podem indicar câncer.
Com a suspeita, o paciente é encaminhado ao Centro Pediátrico do Câncer, onde o diagnóstico é dado entre 24 e 48 horas e o tratamento pode ser iniciado em seguida. Segundo informações do HIAS, até o começo de setembro de 2018, 1.200 casos de suspeita de câncer em crianças e adolescentes foram atendidos. Segundo Selma Lessa, 60% são oriundos do interior do Estado.
Com a atuação da Associação Peter Pan, o atendimento às crianças, jovens e suas famílias ganha em qualidade e resultados positivos. Por meio de diversos projetos que levam arte, educação, apoio emocional, acolhida para as famílias oriundas do Interior, apadrinhamento de pacientes, a Associação Peter Pan atua desde 1996, sendo responsável pela construção do prédio que hoje abriga o Centro Pediátrico.
A Lei 14.162/08, que instituiu o Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil, de autoria da então deputada Lívia Arruda, foi aprovada na Assembleia Legislativa do Ceará em 2008, em conformidade com o dia nacional. Entre os objetivos, está a conscientização da população sobre o câncer infantojuvenil, a sensibilização sobre a importância do diagnóstico e a informação de como a detecção precoce e a rapidez do início do tratamento têm importante papel na redução da mortalidade.