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A Assembleia Legislativa recebeu esta semana a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que investiga a violência contra jovens negros e pobres. Segundo o presidente do colegiado, deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), o colegiado está realizando encontros em todo Brasil para levantamento de diagnósticos, informações, oitivas e diligências pertinentes ao trabalho da Comissão nos estados. “Queremos criar um grande movimento para enfrentar os indicadores de violência que são assustadores”, afirmou o presidente.

A comissão conta com três deputados federais baianos João Carlos Bacelar, Bebeto e Davidson Magalhães. Bacelar informou que no Brasil mata-se 2,5 vezes mais negros que brancos. “Na Paraíba esse número chega a 13 vezes”. Já o deputado Bebeto afirmou que o racismo é um elemento estruturador das relações de poder. “Precisamos superar os dilemas desse racismo institucional que ainda viceja”, disse.

A violência no Brasil tem um caráter de raça e de classe, segundo o deputado Davidson Magalhães. Ele informou que em 2012 foram registrados 56 mil assassinatos no país, sendo que em 77% dos casos as vítimas eram negros e pobres. “Não podemos continuar com essa situação que coloca em risco o futuro do país”, afirmou.

Durante toda manhã e início da tarde, vítimas da violência, ativistas do movimento negro e parlamentares se revezaram na tribuna para dar seu depoimento ou apresentar sugestões para combater o que foi chamado pela maioria dos trabalhadores de “genocídio da juventude negra”. Segundo informação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública um jovem negro na Bahia tem 3 vezes e meia mais chance de morrer assassinado do que um jovem branco. Itabuna é a cidade brasileira campeã de ocorrências.

O Mestre Ninha, capoeirista que perdeu o filho Joel, deu um depoimento emocionado para a comissão contando que seu filho estava em casa quando foi morto por uma bala. “Quem matou meu filho disse que escorregou e que a arma disparou por acidente. É fácil puxar o gatilho, mas é muito difícil enquadrar esse homem”, afirmou o capoeirista. Ele afirmou que nunca viu a sua comunidade tão amedrontada. “Joel foi uma vítima do sistema. Estou lutando para que se faça justiça”, completou.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa, Marcelino Galo, contou que o colegiado baiano tem promovidos debates sobre esse tema sendo que questões como a desmilitarização da polícia, a relação da mídia e a violência e o recorte de classe e raça já foram objeto de audiências públicas. “Todos os indicadores sociais avançaram no Brasil, menos a segurança pública. Nosso modelo de ação precisa ser refeito”, afirmou o deputado.

Já o presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade, Bira Corôa, ressaltou a presença da CPI na Bahia e disse que a questão tem que ser enfrentada com coragem, inclusive pressionando o Poder Judiciário. “Não podemos permitir que o Estado seja o ator principal do genocídio”, completou Bira Corôa.

Fonte: ALBA

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