Luzia de Paula é deputada distrital pelo PEN
Estamos chegando a mais um final de ano e com ele o Natal, época em que os corações se tornam mais ternos e as preocupações sociais mais aparentes, justamente pela importância que essa data cristã tem para a maioria dos brasileiros. Natal não é só festa, é também um momento de reflexão sobre a vida, o amor, a paz, a família, as crianças, enfim, é um momento de analisar os rumos percorridos, se necessário corrigi-los ou traçar novas jornadas.No início da década de 80, com filhos pequenos e diante da necessidade de trabalhar para assegurar-lhes o sustento, aliada à outras mães de Ceilândia, cidade onde moro há quase 40 anos, resolvemos criar uma creche para nossos filhos e outras crianças da vizinhança. Me apaixonei pela ideia, pois via na iniciativa algo de sublime e de extrema relevância social, o que me fez seguir adiante. Hoje são quatro creches que atendem aproximadamente 800 crianças de 0 a 5 anos, as quais contam com amparo educacional, alimentar e afetivo, possibilitando que seus pais trabalhem normalmente, sem sobressaltos.Esse meu depoimento pessoal não tem outro sentido que não seja o de mostrar que criança tem de ser tratada com seriedade, tem de ser amada, educada e preparada para o futuro, de maneira que possa construir um caminho produtivo para si e seus familiares, reduzindo significativamente as possibilidades das intempéries vez ou outra impostas pelo cotidiano, pela vida.É obrigação da família, do Estado e da sociedade proteger as crianças com absoluta prioridade, isso está posto na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais, nas Leis Orgânicas Municipais e no Estatuto da Criança e do Adolescente. O problema é que no Brasil as leis costumeiramente são feitas para não ser cumpridas, com isso a prioridade exigida é deixada de lado, findando as famílias e as crianças não sendo assistidas como as normas determinam.Recentemente a presidente Dilma Rousseff criou o Programa Brasil Carinhoso, cujo objetivo é erradicar a extrema pobreza entre as famílias que possuem crianças entre 0 e 6 anos. Nele o apoio financeiro será concedido por meio do Programa Bolsa Família e consta ainda a edificação de diversas creches em todo o país, só no Distrito Federal a previsão é de construção de 50 desses empreendimentos.O GDF está enfrentando dificuldades para disponibilizar o número de terrenos exigidos para a construção das creches, mas, emenda de minha autoria ao Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (PDOT), cuja atualização foi aprovada em agosto passado pela Câmara Legislativa, caminha no sentido de dar uma solução para o problema, ao estabelecer que os novos núcleos habitacionais a serem implantados deverão contar com unidades imobiliárias destinadas à instalação de creches, além do que o Poder Público deverá realizar intervenções urbanísticas necessárias nas cidades existentes visando destinar terrenos para esse fim.Ressalto que minha atuação parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal está voltada prioritariamente à defesa da família, da criança e do adolescente, tanto que apresentei 17 projetos de lei nesse sentido, pois entendo que o progresso econômico, cultural e a pacificação social desse país passam, inexoravelmente, pelo amparo às famílias, especialmente àquelas em situação de risco, que não possuem as condições adequadas de sobrevivência e, obviamente, de assegurar a manutenção digna de seus filhos. Não tenho receio em afirmar que o adulto problemático foi uma criança desassistida ou assistida de forma equivocada no passado e que o meliante de hoje foi uma criança maltratada no passado. Por isso, a necessidade urgente, enquanto família, sociedade e Estado, de atuarmos na base, na proteção de nossas crianças, assegurando-lhes os meios necessários para que possam construir suas vidas de forma adequada, inclusive com assistência alimentar devida e educação em tempo integral.Natal é época de comemorarmos o Jesus Cristo criança, filho de Maria e do carpinteiro José, que de uma manjedoura pobre em Nazaré, na Galileia, norte da Palestina, surgiu para mudar o destino da humanidade para sempre. Jesus de Nazaré, nosso salvador, foi criado com amor e respeito, prova disso foi sua conduta de vida pautada no amor, na bondade, no carinho, na generosidade, no altruísmo e no perdão. Tratemos nossas crianças da mesma forma com que Cristo foi tratado, para que assim a conduta delas possa também ser qualificada da mesma forma, possibilitando-lhes sentimentos bons e capazes de mudar para melhor o destino de Brasília, do Brasil.Olhemos para nossas crianças, no Natal que se avizinha, além dos presentes materiais, dos brinquedos. Dediquemos a elas o nosso mais puro e profundo amor.