“Não tente vender o que o seu público não quer comprar”. Com essa orientação, o jornalista, apresentador e educador Marcelo Tas, sintetizou e concluiu sua palestra para parlamentares e servidores de Assembleias Legislativas de todo o Brasil, durante a XXIII Conferência da Unale.
A dica do apresentador vem num contexto de profunda transformação da comunicação entre os políticos e os eleitores. Com o advento e a popularização das redes sociais, de acordo com Tas, essa comunicação deixou de ser analógica e passou a ser digital e, com isso, muita coisa mudou. Para ele, na era analógica um político conseguia, com mais facilidade controlar a imagem que queria vender para o eleitor. “Agora, há uma grande diferença. É preciso ter transparência e um conteúdo relevante, de valor. Precisamos valorizar as nossas publicações nas redes sociais. Só assim conseguiremos engajamento e a criação de um círculo virtuoso”, disse.
Para conseguir qualificar os posts, é preciso, segundo o apresentador que tem milhões de seguidores nas redes sociais, humanizar a comunicação, ouvir o que o público está dizendo. Ouvir suas críticas, seus vieses e a partir disso melhor a comunicação. De acordo com Marcelo Tas, o que está acontecendo hoje, sobretudo na política é o contrário disso. Citando as eleições de 2018, ele mostrou como, em um contexto de extrema polarização, não havia diálogo entre os eleitores, que pelas redes sociais, só tentavam confirmar suas próprias crenças. “Brigamos pela interpretação da realidade. Vivemos em um mundo acelerado e não conseguimos sair dos nossos vieses”.
De acordo com Marcelo Tas, a tarefa necessária hoje é sair dos nossos vieses para conseguir engajamento. “Temos que transformar viés em colaboração. Temos que perguntar para nossas redes o que estamos falando para aperfeiçoar nossa comunicação. Diversidade de viés não é ruim. Pelo contrário. Gera melhores soluções”. Disse.
Na sua opinião, é fundamental entender o comportamento do eleitor e hoje, com os sistemas de métrica, essa tarefa não é difícil. É Possível saber o que cada pessoa está dizendo a seu respeito, de onde elas estão falando, quantas pessoas estão falando etc. “Usando essas ferramentas poderemos melhorar nossa comunicação com o eleitor”, disse.
Ilusão de gratuidade
Aproveitando o público presente na XXIII Conferência da Unale, o apresentador e educador Marcelo Tas, sugeriu a atenção dos legisladores brasileiros em relação à disponibilização de dados de usuários pelas plataformas de mídia social. Segundo ele, existe uma sensação de gratuidade quando acessamos as redes que é enganosa. “Quando publicamos qualquer coisa, estamos fornecendo nossos dados, preferências etc para as plataformas que os usam como querem”.
De acordo com ele, a União Europeia foi a primeira a questionar esse comportamento e está na hora dos parlamentares brasileiros se mobilizarem em torno disso.