Implantar um Sistema Único de Educação foi a proposta do ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque, durante sua palestra na 27° Conferência Nacional da UNALE, na quinta-feira, 5 de dezembro. Com o tema “O papel do Legislativo na Educação”, o painel contou com a participação do professor Eduardo Manuel Val, da Universidade Federal Fluminense, e teve como mediador o jornalista Márcio Ferreira.
Para Cristovam Buarque, o Brasil precisa de mais educacionistas, e não apenas educadores. “Nós já tivemos presidentes industrialistas, outros que defenderam a infraestrutura, a agricultura, a democracia, mas nunca tivemos um líder educacionista. O educacionista é aquele que defende um sistema que funcione para todas as escolas, já o educador é aquele que cuida do funcionamento de uma sala de aula”, explicou.
O ex-ministro continuou provocando os parlamentares a fazer a diferença nesse campo. “Vocês fazem parte da categoria que pode fazer isso. São os políticos que podem lutar pela criação de um sistema que funcione bem para todos. Hoje, o Ministério da Educação não funciona como um sistema de educação básica, é preciso que se crie isso para o nosso país avançar. Não podemos tratar os brasileiros dividindo por renda e endereço. Hoje só os ricos têm direito a escolas boas, os outros não. O Brasil precisa de um Sistema de Educação em que todos tenham acesso à escola de qualidade”, acrescentou.
A ideia foi compartilhada pelo professor Eduardo Manuel Val. “A qualidade da nossa educação hoje não colabora para formarmos cidadãos. Nós temos que ter um sistema que seja uma ferramenta de igualdade entre as pessoas”, opinou.
O professor acrescentou que, além de atender a todos independentemente da renda, é preciso também não excluir os mais velhos. “O etarismo faz com que muitos brasileiros sejam descartados por causa da idade. É preciso um sistema que promova uma educação permanente e continuada”, afirmou Val.
O parlamentar Eurico Barreto do Amazonas, que se define como educacionista, aproveitou para indagar sobre como dar os primeiros passos para alcançar esse objetivo. Para Cristovam Buarque, o passo inicial seria assumir que a educação é um problema nacional. O segundo seria criar um Ministério da Educação de Base, e o passo seguinte seria criar duas secretarias,uma de apoio aos municípios e estados e outra para a implantação do “SUS da Educação”.
“Estamos melhorando nossa educação, mas precisamos dar um salto. Temos que convencer o país de que a educação é um fator de produção”, disse Cristóvão, constatando que um país com uma população bem formada produz mais e melhor, e a economia avança.
Por Zezé Queiroz
Foto: Thiago Lontra