Sempre lembrado ao lado de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, o carioca Athos Bulcão mudou-se para Brasília em pleno processo da construção e legou à Capital inúmeras obras, que são vistas por toda parte, no exterior e interior de edifícios públicos. Os murais, painéis de azulejos e outros materiais, relevos e diversos tipos de elementos arquitetônicos fazem parte da nossa identidade.
Aparentemente, sua obra pode parecer restrita à relação entre arte e arquitetura, mas Athos Bulcão era um artista múltiplo. Em seu ateliê produziu pinturas, desenhos, gravuras, fotomontagens, máscaras, figurinos, capas de discos, revistas e muito mais. Uma pequena parte desse vasto conjunto está na coletiva “Poesia, Geometria e Construção” – que conta ainda com obras de Rubem Valentim e Galeno, também fortemente vinculados à história da cidade –, em cartaz até amanhã (10), no foyer do Plenário da Câmara Legislativa do DF.
Nascido em 1918, no Rio de Janeiro, aos 21 anos de idade, Athos Bulcão largou o curso de Medicina para dedicar-se à pintura. Dois anos depois já era premiado no Salão Nacional de Belas Artes. Conheceu Niemeyer em 1943 e recebeu a primeira encomenda do arquiteto, trabalho que não foi concluído. Em 1948, obteve bolsa de estudos do governo francês e permaneceu em Paris até o ano seguinte, quando retornou ao Brasil. Como servidor público, foi requisitado pela Novacap e passou a colaborar em 1957, ainda no Rio, nos projetos da Capital.
Obra viva – Chegou a Brasília, onde viria a falecer cinco décadas depois, no ano de 1958, ocasião em que criou os famosos azulejos da Igrejinha de Fátima (EQS 307/308 Sul). A partir de 1963, passou a lecionar na UnB. Três anos depois realizou uma de suas obras mais conhecidas: o monumental relevo externo do Teatro Nacional. Na primeira metade dos anos 1960 também iniciou a colaboração com o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, com quem trabalharia nos projetos da Rede Sarah de hospitais.
Além de contribuir ativamente para a consolidação de Brasília como cidade-arte, Athos Bulcão teve intensa participação política, seja na UnB, de onde foi expulso em 1965 (sendo reintegrado em 1998) com mais de 200 professores, ou em movimentos civis pelo retorno da democracia ao País. Em 1997, recebeu da Câmara Legislativa do DF o título de “Cidadão Honorário de Brasília”.
A obra do artista permanece viva na cidade. Ao deslocá-los para a paisagem urbana, ele fez com que seus trabalhos se mantivessem em diálogo permanente com os brasilienses. Por isso também a importância das mostras no interior dos espaços expositivos – como esta que acontece atualmente na CLDF –, que apresentam uma face de Athos Bulcão nem sempre possível de ser apreciada.
“Poesia, Geometria e Construção” – Athos Bulcão, Rubem Valentim, e Galeno
Local: Foyer do Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Visitação: por conta de agenda, exposição será encerrada nesta quarta-feira (10), e não mais em 18 de maio
Horários: de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Entrada franca