O grupo Mulheres do Brasil lançou no dia 19 de agosto, nas redes sociais digitais, a campanha Vote Consciente. A iniciativa, idealizada pela seção catarinense do grupo, pretende conscientizar a sociedade sobre a importância de valorizar o voto. A campanha consiste em propagar noções básicas do sistema eleitoral brasileiro e palestras didáticas sobre o assunto.
Durante o período eleitoral serão disseminados pelas mídias sociais cards contendo explicações pontuais sobre o processo eleitoral e mensagens de motivação ao eleitor em geral, além de palestras gravadas. As lideranças do movimento também têm disponibilidade para fazer palestras presenciais em empresas ou entidades.
A advogada Ana Cristina Blasi, uma das líderes do movimento no estado, explicou que a campanha surgiu a partir da constatação de que a repulsa pela situação política do país gerou revolta e, consequentemente, deve motivar votos de protesto, como o voto nulo ou branco. “Só que as pessoas não sabem a implicação do voto nulo e do voto branco, especialmente na eleição proporcional [escolha de deputados e vereadores]. Muito menos sabem o que é sistema proporcional e sistema majoritário. Então surgiu a ideia de fazer essa campanha bem didática, explicando conceitos básicos, como o quociente eleitoral, quociente partidário e como funciona o voto de legenda”, exemplificou.
Ana, que já foi juíza do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SC) observou que questões básicas do direito eleitoral muitas vezes são complexas para o entendimento do eleitor, como é o caso do efeito do “puxador de voto”. “As pessoas não entendem, por exemplo, como metade da Câmara dos Deputados é formada por pessoas que não receberam uma quantidade expressiva de votos. É esse tipo de coisas que a gente está tentando esclarecer para a população”, explicou Ana. Essa situação (de candidatos que receberam um número menor de votos e são eleitos) resulta do cálculo do quociente partidário, já que o partido ou coligação precisa atingir um número mínimo de votos para obter uma vaga na casa legislativa.
O voto branco ou nulo
As líderes do movimento se preocupam em esclarecer que os votos brancos e nulos não são considerados votos válidos e, portanto, são descartados para o cálculo do quociente eleitoral, que decorre da divisão do número total de votos válidos pelo número de vagas a serem preenchidas na casa legislativa. Portanto, ao votar nulo ou branco, o eleitor simplesmente está deixando de opinar na eleição. Além disso, quando há um grande número de votos brancos e nulos, ocorre queda no valor do quociente eleitoral e, consequentemente, do quociente partidário.
O movimento
O Grupo Mulheres do Brasil foi criado em outubro de 2013 por 40 mulheres executivas de diferentes segmentos, com o intuito de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país. Hoje, o grupo compõe uma rede política e apartidária, com milhares de mulheres de diversas classes sociais e profissões que se propõem a estimular o protagonismo feminino, fazer parcerias e elaborar planos de ação, sempre de forma apartidária.