A TV Assembleia, canal 57,3, lança documentário sobre o sistema prisional de Roraima,exibido a partir desta quinta-feira, 2, durante a programação, e reprisado no final de semana. O vídeo produzido pela equipe da Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa tem duração de 13 minutos e 45 segundos.
Encarar o massacre ocorrido no dia 6 de janeiro, ver e ouvir o desespero dos familiares e ultrapassar as barreiras para conseguir informações precisas sobre a situação do sistema prisional em Roraima foram algumas das barreiras enfrentadas e ultrapassadas pela jornalista Daniela Meller para produzir o documentário, contando a realidade dos presídios que estão sob a tutela do Estado de Roraima.
“Nossa maior dificuldade diz respeito aos números. Tanto a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) quanto a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP/RR) e o governo não fornecem números precisos com relação ao total de presos que estão dentro das unidades prisionais, não somente da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo
(PAMC), que é o maior presídio, mas das oito unidades prisionais que existem no Estado. Eles não sabem o número e nem tão pouco qual o regime desses presos, se é aberto, semiaberto, fechado. Eles não têm uma lista, um controle sobre isso”, disse a jornalista.
O trabalho minucioso de pesquisa feito pela jornalista começou muito antes do massacre ocorrido no dia 6 de janeiro, com as visitas promovidas pela CPI do Sistema Prisional às unidades prisionais, que serão retomadas com o fim do recesso parlamentar. Naquele fatídico dia, a única equipe de TV que adentrou nas dependências da PAMC foi a TV Assembleia. As imagens do horror foram impactantes e marcantes.
“A situação era desumana, muito triste! Não tenho parentes e nem amigos lá dentro, mas a gente vê que eles estão sendo tratados pior que bicho. Sei que lá existem facções, mas se as facções se instalaram lá a culpa vem de algum lugar. Se deixou chegar neste estágio é porque não temos unidade prisional para presos de alta periculosidade. A maior unidade é a Penitenciária Agrícola, que não é agrícola, que nada se produz. A sensação que a gente tem é que a situação é desumana para quem está lá dentro e de insegurança para os que estão aqui fora”, relatou Daniela.
No documentário há depoimentos de vários familiares. “São depoimentos de parentes dos presos que foram mortos e dos que ainda estão vivos. Os familiares temem pela integridade física deles. Todos eles gravaram de forma anônima por medo de represália”, contou a jornalista.
Durante seis dias, a equipe entrevistou diversas autoridades como juiz, representante da Comissão dos Direito humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Roraima (OAB/RR), familiares dos presos, autoridades governamentais, parlamentares e membros da CPI do Sistema Prisional. A equipe do documentário é composta por sete pessoas entre jornalista, cinegrafista, editores e revisor de texto e de imagem.