Nesta semana, a equipe técnica do Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) da Assembleia Legislativa de Roraima, estará nos shoppings da cidade, a partir das 16h, integrando o projeto ‘Quebrando o Silêncio’, da igreja Adventista do Sétimo Dia, para tirar dúvidas e realizar orientações sobre o funcionamento do Centro e esclarecimentos sobre os tipos de violência.
Assim fez a atendente Dalvani Souza. Em visita a exposição no Roraima Garden Shopping, que ficará até esta terça-feira (22) e seguirá para o Pátio Roraima Shopping de quarta a sexta-feira, ela viu de longe imagens remetentes ao sofrimento de mulheres. A exposição ‘Nunca me Calarei’, do fotógrafo carioca Márcio Freire, retrata relatos de vítimas da violência doméstica.
Dalvani contou que ao avistar as imagens se lembrou da violência que ela própria sofreu há oito anos, quando decidiu encerrar um ciclo de sofrimento. “Você não sabe a importância para quem passou por isso ou está ainda no momento, ela vai se tocar. Ela vai pedir socorro, com certeza”, se referiu a mensagem da exposição.
Recordou que ao procurar ajuda na delegacia era recebida por um homem e que sempre ouvia questionamentos do por que da demora em denunciar. “Nessa hora eu fui embora. Deveria ser um atendimento feminino, uma mulher ‘pra’ sentir o que a gente sente. Graças a Deus estou há oito anos livre disso”, celebrou.
Depois, Dalvani procurou atendimento especializado para ela e para as filhas e disse que isso ajudou muito na recuperação da família. “Você que está passando por isso, eu sei que você deve pensar: – ah! Eu não vou trabalhar. Como meus filhos vão ficar? Não vou conseguir porque ele coloca a comida dentro de casa, não pense assim, você consegue. O trabalho está aí, as crianças crescem”, alertou.
Nessa oportunidade, o Chame apresentará ainda o projeto ‘Olhos de Maria’, com abordagem especializada para as mulheres evangélicas. A procuradora adjunta especial da Mulher, Sara Patrícia Farias, revelou que o momento foi oportuno para firmar parcerias com as igrejas de Boa Vista. “Iniciamos essa parceria com a igreja Adventista e que foi muito oportuna nesse projeto Quebrando o Silêncio, pois temos o projeto Olhos de Maria, então casou muito bem”, disse.
Segundo ela, hoje no Chame, 40% das mulheres que procuram atendimento na instituição pertencem a alguma igreja evangélica. “Queremos fazer uma parceria com as igrejas, todas as denominações, para que possamos chamar as responsabilidades dos líderes e levar questões sobre a própria Lei Maria da Penha, as sanções, os tipos de violência”, explicou a procuradora adjunta.
Para o pastor da igreja Adventista do Sétimo Dia, Arlindo Kefler, a violência doméstica precisa ser mais debatida dentro das instituições religiosas. “Não deveria acontecer, mas infelizmente tem acontecido de mulheres dentro da igreja, dentro do seio entre os cristãos, serem abusadas, crianças violentadas, e como líder de igreja, como Igreja, nós não compactuamos com isso”, falou.
O pastor ressaltou a importância da parceria com o CHAME. “Aqui em Boa Vista nós encontramos o CHAME que é uma instituição séria. Vale ressaltar que a igreja Adventista do Sétimo Dia trabalha, não é a favor do abuso, ela quer dizer BASTA, CHEGA, não podemos esperar esse tipo de coisa dentro da nossa comunidade”, salientou.
O projeto ‘Quebrando o Silêncio’ encerrará no sábado (26), na Praça Germano Augusto Sampaio, com uma passeata e a realização de um fórum de discussões com a presença de autoridades da Segurança, Judiciário e movimentos sociais.