alerrRoraima ocupa o quinto lugar no índice de suicídio, mas é o primeiro em aumento da taxa, segundo o Ministério da Saúde

Os altos índices de suicídio foram pauta de uma audiência pública nesta quinta-feira (11) na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), a pedido da deputada Catariana Guerra (SD), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Minorias e Legislação Participativa.

O debate teve como finalidade ouvir pessoas que lidam diretamente com o problema, apontar as possíveis causas que levam ao suicídio, sugerir as políticas públicas e a implementação efetiva das leis, já em vigor, que dispõem sobre fortalecimento da rede de prevenção e combate.

Roraima ocupa o quinto lugar no índice de suicídio, mas é o primeiro em aumento da taxa, segundo Boletim Epidemiológico de 2017 do Ministério da Saúde. Significar dizer que o aumento está acelerado em relação às outras Unidades da Federação.

Catarina Guerra avaliou a audiência como positiva, porque a meta era ouvir as pessoas e implementar o que foi discutido. “Todos vieram com sugestões que poderemos torná-las efetivas. Estamos finalizando com uma Carta de Intenções com as soluções propostas. Cada item sugerido vai ter uma tramitação diferente, e vamos tornando público na medida em que elas forem sendo realizadas”, disse a parlamentar.

Sugestões

Entre as sugestões estão a implementação de uma cartilha, de projetos envolvendo jovens e do CVV Comunidade (Centro de Valorização da Vida) no município de Caracaraí, que hoje é a região que aparece com o maior índice de suicídio.

Além da implantação de uma equipe técnica psicossocial nas escolas, composta por assistente social e psicólogo, conforme prevê a legislação federal e estadual. “Uma equipe apta a atender professores com alguma dificuldade, alunos e os pais, sendo um caminho de suporte dentro da escola, a qual já tem um papel importante”, complementou a parlamentar.

O vice-presidente da Comissão, Evangelista Siqueira (PT), lembrou que já faz um trabalho com palestras de sensibilização nas escolas, e que essa audiência vai contribuir para aprimorar o debate em busca de soluções. “Somente uma força tarefa fará com que o Estado saia do ranking da morte”, disse.

A deputada Aurelina Medeiros (Podemos) disse que o suicídio é um assunto amplo e com causas variadas. Ela defendeu que a solução do combate pode estar escola, que precisa ser fortalecida. “Toda nossa base está na escola, pois é lá que encontramos a família. A escola é a nossa mãe, no sentido de buscar a solução”, afirmou, ao ressaltar que é autora de um projeto de lei que determina ao Estado acompanhar alunos que passam por problemas que interferem no aprendizado.

Para a deputada Angela Águida Portela (PP), a solução está na efetividade das ações governamentais. “Não existe uma fórmula mágica, mas as políticas públicas precisam ser levadas mais a sério, priorizando o ser humano”, disse, ao ressaltar que o trabalho realizado por meio do projeto Sou Mais, tenta resgatar a autoestima dos jovens.

Prefeita de Caracaraí denuncia “rede de suicídio” e pede ajuda

A prefeita de Caracaraí, Socorro Guerra, falou sobre os altos índices de suicídio no município e pediu ajuda dos organismos governamentais e não-governamentais. Segundo ela, há fortes indícios de uma rede de incentivo ao suicídio pelo Whatsaap, composta por 60 jovens. Segundo ela, duas integrantes já cometeram suicídio.

Diante de um cenário com número reduzido de profissionais no Centro de Atenção Psicosocial (Caps), mais de 1.300 pessoas para serem atendidas, acima de 40 suicídios registrados em uma década, além de várias tentativas registradas, a perfeita pediu socorro.

“A situação está fugindo do controle, pois todos os dias temos tentativas de suicídio. O que mais nos assusta são as ideações e tentativas. Em dois anos tivemos 143 tentativas e mais de 200 ideações, de pessoas que afirmam ter o desejo de se matar. São aquelas que precisam de um tratamento imediato”, disse.

“Queremos que a Universidade Federal de Roraima [UFRR) e as faculdades que formam profissionais nestas áreas de saúde sejam nossos parceiros, dando suporte com envio de alunos que estão nos últimos semestres para atender no município, pelo menos nesses primeiros seis meses”, sugeriu.

Todos os representantes das entidades governamentais e não-governamentais que participaram da audiência pública se comprometeram a auxiliar o município de Caracaraí, com uma agenda de prevenção e de enfrentamento ao suicídio.

Fonte: ALERR
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