O Pará é um dos estados com maior crescimento da frota de carros. São 1.839.942 veículos. Só em Belém, são 427.927 carros rodando. O aumento foi de 149% no estado e 81% na capital. Agora imagine a quantidade de pneus descartados quando não servem mais para uso. Todo esse entulho vai parar nas ruas, terrenos baldios, borracharias e quintais. A maioria deles, sem os cuidados necessários, viram criadouros do mosquito Aedes Aegypti.
Pneus descartados em locais impróprios estão entre as principais causas de enchentes e da proliferação do mosquito, responsável pela dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Reduzir possíveis focos do mosquito Aedes aegypti nos pneus que, quando expostos, podem acumular água parada e favorecer a proliferação do vetor transmissor da dengue, zika e chikungunya é uma necessidade. E esse é o objetivo principal de um Projeto de Lei apresentado pelo deputado Eduardo Costa. “É preciso fazermos essa destinação adequada para esses pneus, a fim de evitar a transmissão de doenças à população”, disse.
O projeto foi aprovado por unanimidade em Sessão Ordinária na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).
DESCARTE – De acordo com a proposta, os pneus, após utilizados, deverão ter um destino definido e os usuários terão que entregar os produtos descartáveis aos estabelecimentos que comercializem para o repasse adequado aos fabricantes ou importadores que, por sua vez, segundo a proposição, serão obrigados a aceitar a devolução.
Caberá às empresas, realizar a coleta, o transporte e o armazenamento de forma planejada, além do desenvolvimento de processos de reciclagem para a reutilização da matéria-prima, de acordo com as normas ambientais. O projeto será fiscalizado por um órgão a ser designado pelo Poder Executivo.
“Esse projeto tenta diminuir de alguma forma a proliferação do mosquito e dar um destino final aos pneus, que podem ser utilizados para produção de asfalto e outros produtos. Esse tipo de ação sempre esbarra na falta de recursos e acredito que com isso podemos ter um instrumento que ajuda na área de saúde de forma simples e eficiente”, explica Eduardo Costa, autor da proposta.
NO PARÁ – Dados do novo Informe Epidemiológico de 2017 emitido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Vigilância em Saúde, apontam queda de 74% nos casos de dengue no Pará em relação ao mesmo período do ano passado. Divulgado neste mês de março, o levantamento, referente a fevereiro, aponta o registro de 635 casos de dengue, 22 de zika e 549 de febre chikungunya no Estado, que não teve nenhum registro de febre amarela em humanos.
O informe detalha os dez municípios que tiveram casos confirmados de dengue: Anapu (106), Marabá (95), Tucumã (74), Parauapebas (60), Ourilândia do Norte (46), Xinguara (34), Rio Maria (27), Novo Progresso (24), Tucuruí (18) e Alenquer (14). Os dez municípios com mais registros confirmados de febre chikungunya foram Xinguara (175), Canaã dos Carajás (68), Parauapebas (58), Rio Maria (57), Novo Repartimento (35), Marabá (27), Marituba e Tucumã (ambos com 25), Belém (20) e Eldorado dos Carajás (15).
Casos confirmados de zika foram registrados em Rio Maria (oito), Canaã dos Carajás (quatro), Ourilândia do Norte (três), Ananindeua e Marituba (ambos com dois), e Belém, Curionópolis e Vigia com um caso cada.
PERIGO – Com o aumento das chuvas, cresce o risco de novos focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. A fêmea, que vive um mês, em média, é capaz de dar vida a 300 descendentes – metade fêmea, ou seja, a responsável por transmitir a doença aos humanos. Imagine o exército que nasce a cada 30 dias. A desova ocorre, preferencialmente, em criadouros com água limpa e parada.
CRIADOUROS – Na zona urbana, os principais criadouros (depósitos) são os recipientes artificiais descartados indiscriminadamente a céu aberto pela população e que servem como locais de acúmulo da água da chuva. Desta forma, todo e qualquer depósito deve ser protegido a fim de garantir a não atração e proliferação do vetor.
Os objetos e/ou materiais inservíveis devem ser eliminados, em primeiro lugar, pelos moradores e posteriormente pelos Agentes de Controle de Vetor nas inspeções de rotina. Os criadouros são principalmente os pneus, latas, vidros, garrafas, vasos de flores, pratos de vasos, caixas de água, tonéis, latões, cisternas, piscinas, tampinhas de garrafas, bebedouros de animais, entre outros.
Muitas vezes, os pneus são responsáveis por reinfestações à distância. Por esta razão, recomenda-se sua guarda em local coberto e protegido da chuva. A redução de recipientes que possam servir como criadouros é ainda o melhor método para se prevenir a disseminação de mosquitos e, consequentemente, de doenças transmitidas por eles.
MOBILIZAÇÃO NACIONAL – O Ministério da Saúde tem reunido esforços no combate ao Aedes aegypti, convocando o poder público e a população. O Governo Federal mobilizou todos os órgãos federais para atuar conjuntamente neste enfrentamento, além da participação dos governos estaduais e municipais. Desde o ano passado, diversas ações foram organizadas em parceria com outros órgãos e entidades, como a mobilização que contou com 220 mil militares das Forças Armadas; a mobilização nas escolas, que marcou o início do ano letivo com instruções aos alunos de como prevenir as doenças transmitidas pelo Aedes; além da faxina promovida pelo Governo Federal com servidores públicos, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito nos prédios públicos.
Com a campanha contra o vetor, as equipes de combate ao mosquito Aedes aegypti alcançaram 82,5% dos imóveis brasileiros. Foram 46,7 milhões de domicílios, prédios públicos, comerciais e industriais efetivamente vistoriados, além de 8,6 milhões de estabelecimentos que estavam fechados ou houve a recusa para acesso.
Em todo o país, as visitas aos imóveis contam com a participação permanente de 266,2 mil agentes comunitários de saúde e 49,2 mil agentes de controle de endemias, bem como com o apoio das Forças Armadas. Juntam-se, ainda, profissionais de equipes destacados pelos estados e municípios, como membros da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.