Dezembro é o mês marcado pela mobilização nacional na luta contra o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), a Aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis). No Mato Grosso do Sul, o Dezembro Vermelho foi incluído no Calendário Oficial de Eventos do Estado por meio da Lei 5.684/2021, promovendo a luta, a conscientização e a prevenção contra o vírus HIV e a Aids.
Para o autor da legislação e 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), deputado Zé Teixeira, é preciso alertar a população, em especial os jovens. “Infelizmente, eu acho que a mobilização da sociedade na luta contra o vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis vem reduzindo. O surgimento de novas terapias diminui a atenção, principalmente dos jovens, para os riscos da infecção”, apontou.
O Boletim Epidemiológico de 2023, do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), apontou que o país tem apresentado, anualmente, uma média de 35,9 mil novos casos de Aids nos últimos cinco anos. Ainda segundo o relatório, a queda no coeficiente de mortalidade por Aids na última década foi identificada a nível nacional, passando de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2022, quando analisada a mortalidade por Unidade Federativa (UF), 13 delas apresentaram coeficiente padronizado superior ao nacional, que foi de 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Mato Grosso do Sul ocupou o sétimo lugar (5,1).
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MS), em relação à mortalidade por Aids, em 2022 foram 181 óbitos. Em 2023 este número caiu para 178 e, neste ano, conforme dados parciais, o levantamento aponta que são 157 mortes até o momento. “As mortes por Aids caíram nos últimos dez anos, mesmo assim, mais de 30 pessoas morrem por dia no País. É preciso continuar alertando e conscientizando para a prevenção. Tem que usar a camisinha porque ela evita a contaminação por diversas doenças e também previne a gravidez indesejada. O jovem precisa refletir sobre isso”, reforça Zé Teixeira.
Atualmente, segundo a SES-MS, são 10.936 pessoas vivendo com HIV e que recebem o tratamento disponibilizado pelo órgão no Mato Grosso do Sul. Conforme o relatório Unaids, em 2022, o ranking das UF referente às taxas de detecção de aids (casos por 100 mil habitantes) mostrou que Mato Grosso do Sul (21,5), ficou entre os estados que apresentaram os maiores valores, em oitavo lugar.
Em relação aos novos casos de Aids, segundo levantamento da pasta estadual, em 2022 foram registrados 310. Já em 2023 o número sugiu para 365 e em 2024, até o momento, são 321 novos registros. Conhecer o quanto antes a sorologia positiva para o HIV aumenta muito a expectativa de vida de uma pessoa que vive com o vírus. No Brasil, há os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV. “O diagnóstico é simples e rápido, pode ser feito nas unidades de saúde e o resultado fica pronto em trinta minutos”, esclarece o deputado Zé Teixeira.
Meta Alcançada
Conforme dados do Ministério da Saúde, o Brasil alcançou mais uma meta de eliminação da Aids como problema de saúde pública. Em 2023, o país diagnosticou 96% das pessoas estimadas de serem infectadas por HIV e não sabiam da condição sorológica. Os dados são do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e a aids (Unaids). O percentual é calculado a partir da estimativa de pessoas vivendo com HIV.
Para acabar com a aids como problema de saúde pública, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu metas globais: ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; ter 95% dessas pessoas em tratamento antirretroviral; e, dessas em tratamento, ter 95% em supressão viral, ou seja, com HIV intransmissível. Hoje, em números gerais, o Brasil possui, respectivamente, 96%, 82% e 95% de alcance.
Em 2023,a pasta já havia anunciado o cumprimento da meta de pessoas com carga viral controlada (95%). Agora, novos dados mostram que ano passado o Brasil subiu seis pontos percentuais na meta de diagnóstico das pessoas vivendo com HIV, passando de 90% em 2022 para 96% em 2023. Com isso, é possível afirmar que o Brasil cumpre duas das três metas globais da ONU com dois anos de antecedência.
Dados Globais
Segundo estatísticas sobre HIV e Aids disponíveis nos relatórios do Unaids, em 2023, 39,9 milhões [36,1 milhões–44,6 milhões] de pessoas no mundo estavam vivendo com HIV. No mesmo ano, cerca de 630 mil [500 mil–820 mil] pessoas morreram por doenças relacionadas à Aids, em comparação com 2,1 milhões [1,6 milhão–2,7 milhões] de pessoas em 2004 e 1,3 milhão [1 milhão–1,7 milhão] de pessoas em 2010. A meta para 2025 é menos de 250 mil.
HIV e Aids
HIV E AIDS não são a mesma coisa. Conforme o Ministério da Saúde, o HIV é o vírus causador da Aids. A Aids é a doença causada pela infecção do HIV. Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae e é uma Infecção Sexualmente Transmissível. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns, como por exemplo: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença; infecção das células do sangue e do sistema nervoso; e supressão do sistema imune. Saiba mais aqui.
Diagnóstico
O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue venoso ou digital (ponta do dedo), para realização de testes rápidos ou laboratoriais que detectam os anticorpos contra o HIV. Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Também é possível saber onde fazer o teste pelo Disque Saúde (136). Além disso, autotestes de HIV também são ofertados gratuitamente pelo SUS para que as pessoas possam se testar quando e onde quiserem. “O diagnóstico é simples e rápido, pode ser feito nas unidades de saúde e o resultado fica pronto em 30 minutos”, reforça o deputado Zé Teixeira.
Campanha Nacional
De forma inédita, o Governo Federal conscientiza que “i é igual a zero”, ou seja, quando o HIV fica indetectável e com zero risco de transmissão. Conforme o Ministério da Saúde, pessoas com HIV que estão em tratamento vivem mais e melhor, e não transmitem o HIV em relações sexuais. A pasta lançou recentemente a nova campanha de conscientização, com o tema “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”.
Fonte: ALEMS