A defesa da regulamentação dos cassinos, bingos e do jogo do bicho é o tema do livro “A Teoria das Probabilidades no Jogo, Ciências e Políticas Públicas”, que será lançado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais hoje. O autor é Luiz Carlos Prestes Filho, que participará também de uma audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico para discutir o tema.
Como o nome indica, o autor é filho do principal líder comunista da história brasileira. A história de seu pai, segundo ele, ajuda a contar como interesses políticos contribuíram para proibir o jogo no Brasil. A exploração dos jogos de azar pela iniciativa privada tornou-se ilegal em 1946, no governo de Eurico Gaspar Dutra, por meio do Decreto-Lei 9.215.
Apesar da norma, em sua justificativa, afirmar que “a tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro é contrária à prática e à exploração dos jogos de azar”, Prestes Filho indica que o interesse de Dutra em enfraquecer o PTB de Getúlio Vargas e os comunistas do PCB também pesou na decisão. Isso porque o irmão de Getúlio, Benjamin, era sócio dos principais cassinos do Brasil. Já o PCB era apoiado pelos bicheiros do Rio de Janeiro e São Paulo.
“O PCB ajudou na fundação da União Nacional das Escolas de Samba. Em 1946, 24 escolas de samba homenagearam meu pai com sambas-enredo”, recorda Prestes Filho. Com a proibição dos jogos, portanto, Dutra eliminava uma possível fonte de financiamento para dois de seus rivais políticos.
Agora, na avaliação do autor, é hora de rever uma decisão que considera autoritária e regulamentar a atividade, que tem potencial para gerar empregos, renda e estimular o turismo. Sua obra reúne textos de diversos autores que procuram abordar vários aspectos da questão.