Após dois anos de pausa em razão da pandemia da Covid-19, a Assembleia Legislativa de São Paulo retomou, nesta segunda-feira (4), as exposições artísticas no Palácio 9 de Julho, sede do Legislativo paulista.
A primeira atração que marca a retomada é a mostra “Abaporu Periférico”, que consiste na releitura urbana de obras clássicas do Modernismo, em telas grafitadas. A iniciativa comemora o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.
A exposição, organizada pelas Fábricas de Cultura Zona Leste e São Bernardo, traz um olhar da periferia para pinturas de artistas consagrados do período, como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, John Graz e Zina Aita.
O acervo conta com 12 obras em tela 1,20 x 80, entre elas uma releitura do quadro clássico de Tarsila do Amaral, Abaporu, de autoria do grafiteiro Crédo. A obra traz uma nova abordagem do quadro original com a adição cores e formas próprias do artista do extremo leste de São Paulo.
Além dessa obra de Tarsila do Amaral, “O Mamoeiro” também foi adaptado pela grafiteira Pamela Ramos, conhecida como Pandora. A pintura original retrata as primeiras ocupações dos morros no Rio de Janeiro. Na releitura, Pandora não fugiu da temática original e se inspirou nas ruas de sua comunidade.
“Pierrete” de Di Cavalcanti foi outro clássico que passou por releitura, dessa vez o artista Banguone foi responsável pela atualização. A versão do grafiteiro retrata uma dançarina com um rádio de música, modificando a figura central da obra, que na obra original era uma mulher francesa fantasiada no carnaval brasileiro.
A exposição ainda conta com a releitura de obras como A Boba (1915-1916), Operários (1933), O Homem Amarelo (1917), O farol de Monhegan (1915), Tropical (1917), Paisagem da Espanha (1920), Homens Trabalhando (1922) e Retrato de Mário de Andrade (1922).
Os grafiteiros responsáveis pela reprodução das técnicas do grafite para as releituras são: Crédo, Banguone, Mandi, Laís da Lama, Pandora, Nino, Pow, Anjinha, Del Grafites, Kauê Fidelis, Robson Melancia e Faty, artistas locais que residem ou atuam próximos às Fábricas de Cultura.
Alesp
A exposição “Abaporu Periférico” já passou pelo Museu Catavento, na região central da Capital, e por diversas regiões da cidade. Na Alesp, ela terá a oportunidade de ser vista por cerca de 5.000 pessoas que passam pelo local diariamente.
“Trazer elementos da arte da periferia para um grande holofote como a Alesp é fundamental”, disse o promotor e articulador das Fábricas de Cultura da Zona Leste, Renato Barreiros.
Barreiros ainda destacou o trabalho das Fábricas de Cultura no incentivo à produção de pequenos artistas locais. “Estamos fomentando a cultura nas periferias e o reconhecimento da Assembleia traz muito prestígio aos artistas e ao nosso trabalho”, disse.